Para explicar corte de 0,5 ponto e divergência de membros, Copom tem a maior ata em 7 anos, mostra levantamento
De acordo com a LCA Consultores, desde a gestão de Alexandre Tombini, encerrada em 2016, uma ata do BC não continha tantas palavras
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (8) a ata com o maior número de palavras desde 2016. O documento justifica a decisão do Comitê de cortar a taxa básica e a divergência entre os membros, já que a redução em 0,5 ponto não foi unânime.
De acordo com levantamento da LCA Consultores, uma ata do Copom não continha tantas palavras desde a gestão de Alexandre Tombini, encerrada em 2016.
Nenhum dos documentos divulgados nas gestões de Ilan Goldfajn, que sucedeu Tombini, ou Roberto Campos Neto, atual presidente da autoridade monetária, teve tamanha robustez.
A ata de hoje contém 3.101 palavras, enquanto as demais atas do atual mandato têm uma média de 1.811 palavras. A gestão de Goldfajn teve média semelhante, 1.851, mas a de Tombini foi bem maior: atas com uma média de 4.188 palavras;
“Por ser a reunião com divisão mais apertada da história, o Copom teve que gastar mais tempo e vocabulário para explicar sua visão”, aponta Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.
O corte de 0,5 ponto foi definido em meio a divergências: cinco membros do colegiado optaram pelo corte robusto, enquanto outros quatro pediam uma baixa “parcimoniosa”, de 0,25 ponto.
Ata do Copom
“Os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
A afirmação consta da ata da última reunião do Copom e parece marcar definitivamente o ciclo de aperto monetário que durou três anos.
A indicação de que os próximos cortes nos juros serão da mesma magnitude do promovido em agosto vai ao encontro da estimativa do mercado, que espera Selic de 11,75% ao fim de 2023.
Imaizumi destaca trecho da ata que “julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes”. A LCA também mantém sua expectativa de Selic para o fim de 2023 em 11,75% ao ano.