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    Para 70%, situação econômica do Brasil está ruim ou péssima, diz pesquisa

    Três entre cada quatro brasileiros percebem os efeitos da inflação; cenário apresenta melhora apenas para 22% dos consultados

    Beatriz Puente*da CNN , Rio de Janeiro

    Sete a cada dez brasileiros consideram que a situação econômica do país é ruim (23%) ou péssima (47%). O otimismo alcança apenas 8% dos entrevistados, para os quais o cenário econômico é bom (7%) ou ótimo (1%).

    Da consulta, 21% dos procurados entendem que a situação é regular, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o Instituto FSB, divulgada nesta sexta-feira (10).

    A pesquisa entrevistou 2.016 pessoas com idades a partir de 16 anos, nas 27 unidades da federação, entre os dias 18 e 23 de novembro.

    Para 64% dos entrevistados, a economia ainda não começou a se recuperar dos impactos da pandemia de Covid-19. Apenas 22% da população acredita que, em comparação com os últimos 6 meses, a economia melhorou.

    No entanto, concordando ou não que a recuperação tenha começado, 80% dos entrevistados entendem que o momento atual é uma das piores crises econômicas pelas quais o país já passou.

    Gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo destaca que a incerteza e a visão negativa do atual cenário pode resultar em desaceleração em cadeia para vários setores produtivos.

    “Isso faz com que a população limite algumas decisões de consumo por conta dessa incerteza, dessa preocupação, e isso acaba que prejudica a demanda por produtos industriais. Cria uma incerteza sobre a demanda para a própria indústria. Faz com que os empresários decidam postergar decisões de aumentar produção, aumentar emprego ou mesmo investimento”, afirma.

    O estudo destaca ainda a percepção sobre a inflação. A alta foi sentida por três a cada quatro entrevistados. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do país, aferido pelo IBGE, ela está em 8,24% no ano, até outubro, e acumula 10,25% nos últimos 12 meses.

    O momento econômico levou ao corte de gastos. Essa foi uma realidade para 74% dos entrevistados, mesmo percentual de maio de 2020, no início da pandemia.

    Cerca de 58% disseram que a redução foi muito grande ou grande. Os percentuais de redução de gastos são os maiores registrados pela pesquisa desde que o mundo passou a enfrentar a Covid-19.

    “É bastante preocupante, não só pelo poder de compra que se perde e pela população ter menos capacidade de manter uma certa demanda e de tomar decisões. Essa situação pode até se tornar um pouco mais duradoura. Ou seja, mesmo que os preços parem de aumentar efetivamente, ela pode ainda contaminar a visão dos consumidores por mais tempo”, conclui Azevedo.

    Outro dado que reflete o desânimo do brasileiro é o medo de perder o emprego. O índice era de 52%, em julho e passou para 61%, em novembro.

    Para 16% o temor é muito grande, para 24%, ele é grande, e para 21%, é médio. O percentual dos que não têm qualquer receio diminuiu de 32% para 21% da população empregada.

    Entretanto, a percepção sobre a visão de futuro está dividida. Cerca de 34% dos entrevistados estão otimistas e acreditam que a situação vai melhorar um pouco (27%) ou muito (7%); 27% acham que ela vai permanecer estável e 32% estão pessimistas. Para estes últimos, a economia ainda vai piorar muito (17%) ou um pouco (15%).

    *Sob supervisão de Stéfano Salles

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