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    O Nó dos Juros: O efeito bola de neve e como a dívida pública cresce duas vezes por causa do rombo fiscal

    Débito cresce à medida que o governo gasta mais que arrecada, e Tesouro precisa tomar mais empréstimos para continuar quitando compromissos

    Fernando Nakagawada CNN , São Paulo

    As contas públicas compõem um dos fatores que influenciam na trajetória da inflação e, por consequência, nas decisões do Banco Central (BC) sobre os juros.

    Para além do impacto na atividade econômica, a taxa Selic pode deflagrar um efeito bola de neve nas contas públicas: rombo fiscal gera juros maiores que geram mais rombo fiscal.

    O setor público tem uma dívida trilionária. Dados do Banco Central mostram que a dívida líquida supera os R$ 7 trilhões.

    Essa dívida cresce à medida que o governo gasta mais que arrecada, e o Tesouro precisa tomar mais empréstimos para continuar quitando compromissos.

    Esse rombo nas contas públicas gera desconfiança do investidor, o que ajuda a elevar a inflação.

    Para responder a esse problema, o BC aumenta os juros. Só que boa parte da dívida do governo é atrelada à própria taxa Selic, e o rombo fiscal começa a gerar o efeito bola de neve nas contas públicas.

    Em 2023, o Tesouro Nacional pagou R$ 816 bilhões em juros da dívida pública. Se fosse o orçamento de um ministério, seria simplesmente o segundo maior do governo brasileiro — atrás apenas da Previdência Social.

    Para o setor privado, o efeito é o mesmo. Empresas e famílias também pagam mais juros quando a taxa Selic sobe — ou deixa de cair. Isso porque fica “mais caro” estar endividado quando os juros aumentam.

    Para uma pessoa, o aumento dos juros “come” parte do orçamento, e pode deflagrar um efeito dominó: com menos dinheiro, a pessoa pode simplesmente adiar pagamentos e ficar inadimplente.

    Para uma empresa, o juro elevado também pode mudar planos, já que o financiamento mais caro pode inviabilizar o plano de uma nova filial ou de um investimento.

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