“Não vamos politizar juros”, diz Haddad em audiência na Câmara
Ministro da Fazenda reforçou que governo segue a lei e não quer interferir com indicação de diretor para o Banco Central
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (17) que o governo não quer politizar a taxa de juros. A manifestação ocorreu ao ser questionado por parlamentares — em audiência conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados — a respeito de falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticando a Selic em 13,75% ao ano,
Haddad disse que pode se manifestar a respeito da redução da Selic, assim como os técnicos e o presidente do Banco Central. O ministro citou que o mundo desenvolvimento tem inflação maior que o Brasil e taxas de juros menores. Citou o exemplo da Inglaterra, com inflação de 10% ao ano.
“Grandes empresários também estão fazendo este debate, precisa manter em 13,75%? Estão questionando a autonomia do BC? Não, estão debatendo. Não há nada de errado em questionar, temos de nos reacostumar com a democracia. Como ministro da Fazenda posso questionar. Não estou questionando a autoridade monetária do ponto de vista de definir a taxa básica de juros, estou ponderando sobre o que é melhor para o Brasil. Sim, com as medidas tomadas até aqui, vejo espaço para gesto de mais confiança na economia brasileira sem que houvesse maior percalço sobre a inflação”, disse.
Haddad ainda foi questionado se a indicação do atual secretário-executivo Gabriel Galípolo para a diretoria de Política Monetária do BC seria uma tentativa de interferência do governo federal na condução da política monetária do Banco Central.
“Uma vez nomeado, ele vai gozar da autonomia; o diretor não vai prestar contas ao presidente do país, mas vai prestar contas ao Conselho Monetário Nacional”, falou.
A Presidência da República encaminhou na terça-feira (16) ao Senado a indicação do secretário-executivo. O despacho foi publicado no Diário Oficial da União.