‘Não fiquem muito animados com dados fortes da zona do euro’, diz Lane, do BCE
Economista-chefe do banco disse que, apesar de 'melhora substancial' no curto prazo, a atividade permanecerá bem abaixo dos níveis pré-crise por um longo tempo
Dados fortes podem não ser um bom guia de como a zona do euro está se recuperando de sua mais profundas crises econômicas, disse nesta quarta-feira (24) o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane. A afirmação jogou um balde de água fria nas expectativas após alguns números surpreendentemente positivos.
Tendo chegado ao fundo do poço em abril, a economia do bloco está se recuperando à medida que as restrições para conter a propagação do coronavírus são gradualmente levantadas. Números inesperadamente fortes de PMI e do instituto Ifo aumentaram as esperanças de uma recuperação relativamente rápida, em forma de “V”.
Lane disse que, embora a “melhoria substancial” dos indicadores de curto prazo seja normal dada a profundidade da contração, esse não é um bom guia para o futuro, e a atividade permanecerá bem abaixo dos níveis pré-crise por um período prolongado, dadas as restrições remanescentes.
“Perdas de renda e a poupança por precaução continuarão pesando no consumo”, afirmou ele. “Da mesma forma, a demanda fraca, restrições contínuas de oferta e restrições contínuas de distanciamento social estão dificultando a normalização da atividade econômica.”
Ainda assim, Lane disse que está ficando mais confiante de que uma série de leituras negativas da inflação, esperada por alguns por causa da queda nos preços do petróleo, poderia ser evitada.
“As medidas que estamos tomando e também as fiscais devem manter a inflação em território positivo”, disse Lane.
Lane acrescentou que as medidas fiscais, particularmente as negociações sobre um pacote de recuperação da UE de 750 bilhões de euros, também deverão ter um grande impacto na rapidez com que a confiança se recupera.
O BCE está determinado a apoiar essa recuperação e poderia até reduzir as taxas de juros, embora tal medida possa se mostrar ineficaz, já que os rendimentos soberanos de longo prazo se tornam praticamente imunes a cortes de juros sob condições estressantes.
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