Não existe argumento técnico para a subida dos juros, defende Ricardo Cappelli
À CNN, o presidente da ABDI afirma que não há justificativa técnica para aumento da Selic
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, manifestou-se contra o possível aumento da taxa de juros pelo Banco Central (BC), argumentando que não há justificativa técnica para tal decisão. Em entrevista à CNN Brasil, Cappelli destacou o efeito recessivo que os juros elevados têm sobre a economia nacional.
Segundo o executivo, “quando os juros sobem demais, o dinheiro se movimenta da produção, da indústria, e vai para títulos, vai para o mercado financeiro”. Ele ressaltou que o Brasil já pagou, nos últimos 12 meses, 834 bilhões de reais apenas em serviço da dívida, valor que, conforme Cappelli, é “quase quatro vezes o que o país gasta anualmente com saúde e educação”.
Cenário internacional e pressões do mercado
Cappelli apontou que o cenário internacional não justifica um aumento dos juros no Brasil. Ele mencionou que o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, está sinalizando uma redução nas taxas de juros americanas. Além disso, o presidente da ABDI observou que “o dólar está caindo, então o que poderia existir de pressão inflacionária não vai se realizar”.
O executivo criticou argumentos do mercado financeiro que, segundo ele, especulam sobre a necessidade de aumentar os juros para demonstrar que o próximo presidente do Banco Central será “durão”. Cappelli classificou tais argumentos como “especulação aberta” e “expectativas psicológicas do tal mercado”.
Foco na produção e geração de empregos
Para Cappelli, o desafio do Brasil é “tirar o dinheiro da especulação, tirar o dinheiro do rentismo e colocar o dinheiro na produção para gerar empregos, para desenvolver o Brasil”. Ele enfatizou que essa abordagem está alinhada com as tendências globais, afirmando que “é isso que o mundo inteiro está fazendo”.
O presidente da ABDI concluiu expressando sua expectativa de que o Banco Central reduza os juros na próxima reunião, em vez de aumentá-los, reforçando que esta seria a direção mais adequada para impulsionar o desenvolvimento econômico do país.