Não é possível ter preços baratos às custas do lucro da Petrobras, diz professora
À CNN, Virgina Parente afirmou que interferência em preços violaria regras de governança e prejudicaria estatal
Apesar dos preços dos combustíveis continuarem subindo no Brasil em meio à alta do petróleo, uma interferência do governo federal na política de preços da Petrobras não resolveria o problema, segundo Virginia Parente, economista e professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
Em entrevista à CNN neste sábado (2), ela afirmou que “a Petrobras é uma empresa, não é só do governo, é dele e de vários outros acionistas. E como o general Silva e Luna falou, existem regras de governança, então não é possível colocar preços baratos de combustíveis às custas do lucro da empresa”.
Para ela, a interferência seria problemática porque a estatal ficaria sem dinheiro para continuar prospectando locais de exploração. “E cada reserva, poço de petróleo, é finito, então existe um grande esforço de prospecção. Só esse investimento é caríssimo”
Parente diz que optar por uma intervenção nos preços dos combustíveis, como ocorreu em 2014, é “trocar o curtíssimo prazo pelo longo prazo. É talvez matar a empresa, deixar endividada, como já vimos no passado”.
A professora avalia que é natural que qualquer governo tenha “sentimentos controversos” em relação à Petrobras. “Por um lado, como sócio, o governo ou qualquer outro quer receber a maior quantidade de dividendos, retorno, possível e com isso fazer benesses à população, como educação, saúde, segurança, então interessa que a empresa seja lucrativa”.
“Por outro lado, esse sócio majoritário tem eleitores, e deseja ficar bem na foto com eles, e nos todos estamos sentindo no bolso combustíveis muito caro”.
Por isso, ela afirma que é necessário haver um equilíbrio, com preços realistas mas limitando o impacto da volatilidade do petróleo, que ganhou mais força com a guerra na Ucrânia e não deve desaparecer enquanto o conflito durar. Uma alternativa citada pela professora é a criação de um fundo de estabilização de preços.
“O mundo vai procurar por combustíveis alternativos, vai dar um impulso enorme às renováveis, mas não é algo que fica pronto em 2, 3 meses. O que a gente vai ver no curto prazo é muita volatilidade, e preços relativamente altos”, diz.