Não é hora de reajustar salários de servidores, diz economista
Bolsonaro disse que pretende reajustar o salário dos servidores, caso a PEC dos Precatórios seja aprovada
O presidente Jair Bolsonaro disse que pretende reajustar o salário dos servidores, caso a PEC dos Precatórios seja aprovada.
O plano, no entanto, vem em hora errada, defende Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da RPS Capital.
“Não é hora de fazer isso. Não é adequado usar esse espaço aberto pela PEC de mais de R$ 110 bilhões para reajustar salários de servidores. Assim como não é correto usar esse espaço fiscal para o Congresso capturar o orçamento por meio das emendas de relator, fundo eleitoral e uma série de outras decisões”, disse.
“Essa decisão não vai na direção que o país precisa agora. Os servidores têm estabilidade. Isso, num momento de crise, é algo muito valioso, sobretudo enquanto 14 milhões de desempregados tentam uma vaga no mercado. Os trabalhadores do setor privado estão mais suscetíveis aos choques na economia”.
Risco crescente
O economista alerta ainda para o risco fiscal crescente no país. “Sobretudo considerando que o governo tinha alternativas para financiar o Auxílio Brasil que não envolvem furar o teto de gastos”, disse.
O furo no teto e o passivo criado com o adiamento do pagamento dos precatórios, explica, trazem instabilidade, desorganizam a economia, sobretudo, pelo canal do câmbio, o que contamina a inflação e força os juros para cima. “Uma parte dos preços em alta é importada, mas outra relevante é fruto desse debate”, diz.
“Os gastos podem aumentar daqui para frente. Existem alternativas a essa PEC dos Precatórios para reforçar programa social. Tem a saída do crédito extraordinário, por exemplo. Vale lembrar que o STF decidiu no início desse ano que o governo precisa criar a renda básica da cidadania. Essa decisão judicial mais o aval da área técnica, que é o TCU, dão amparo para isso”.
Assista à entrevista completa no vídeo acima.
*Publicado por Ligia Tuon