Na Fiesp, Haddad é cobrado por redução de impostos e promete reforma tributária
Presidente da federação pediu redução de impostos para indústria de transformação em primeiro evento após queda de braço entre Josué Gomes e o ex-presidente Paulo Skaf
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou como convidado de honra de uma reunião com membros da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em São Paulo.
No encontro, o ministro disse que o foco da agenda do ministério, a curto prazo, é trabalhar pela aprovação de um novo arcabouço fiscal, a revisão do sistema de crédito no Brasil e reforma tributária após a retomada das atividades do Congresso.
Haddad não quis antecipar informações sobre o arcabouço fiscal, mas disse que estão sendo colhidas informações de estudos internacionais que serão avaliados por diversas aéreas do Executivo.
Haddad acredita num clima favorável para discussão do tema com os parlamentares, sem postergações, após as eleições das mesas diretoras. A intenção é propor alterações na tributação sobre o consumo, sem alterar o Simples, na primeira parte da reforma. No segundo semestre serão tratados outros temas.
Ele também afirmou que aposta na reindustrialização com uso de fontes limpas de energia, num casamento de políticas fiscais e monetárias para um reequilíbrio de variáveis que levem ao desenvolvimento econômico e ao fortalecimento da participação do Brasil no Mercosul.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, pediu que o governo reveja, de imediato, a cobrança do IPI, o Imposto sobre produtos industrializados, e a depreciação imediata do investimento dentro da indústria de transformação.
Para Gomes, menos impostos vão ajudar no crescimento e mais geração de empregos. Ele reclamou que o setor de transformação encolheu nos últimos 40 anos e disse que os empresários vão apoiar a reforma tributária que permita o combate às altas da taxa Selic e spreads bancários mais altos no país que comparados a outros países competidores no setor industrial.
Além do ministro, participaram do evento o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galipolo, Eduardo Eugênio, presidente da Firjan, vice-presidentes da Fiesp, conselheiros, diretores, presidentes de sindicatos e convidados.
A reunião aconteceu cinco dias após a divulgação de uma nota conjunta de pacificação entre o atual e ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf, após disputa interna pelo comando da Federação que questionou o mandato de Josué Gomes. Skaf também participou da reunião.
Haddad negou que a visita aconteceu para apaziguar os ânimos e disse não ter informações sobre as questões internas da Federação e que cabe aos membros resolvê-las.
Além do evento na Fiesp, o ministro teve uma reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela manhã e prometeu que vai avaliar, num prazo de 15 dias, demandas de reformas no sistema de crédito que serão também apreciadas pelo congresso.
Para a democratização do crédito, a pasta avalia o uso do Pix como ferramenta fiduciária a partir do meio do ano. No encontro, Haddad admitiu que tratou da substituição dos diretores Bruno Serra, de Política Monetária, e Paulo Sérgio Neves, de Fiscalização. Caberá ao presidente Lula a apreciação dos novos membros. Campos Neto tem mandato no BC até 2024.
Ainda nesta segunda, Haddad se reunirá em São Paulo com Milton Maluhy, presidente do Itaú Unibanco.