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    Moeda ucraniana foi a que mais perdeu valor em fevereiro, aponta levantamento

    Países envolvidos em guerra e vizinhos estão entre os que tiveram os dinheiros mais desvalorizados

    Stéfano Sallesda CNN , no Rio de Janeiro

    Os quase dois milhões de refugiados ucranianos que conseguiram deixar o país em meio à invasão russa, segundo dados do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), terão um desafio a mais para se estabelecer em seus novos destinos.

    Os poucos que tenham conseguido levar algum dinheiro terão que lidar com a desvalorização da grívnia ucraniana, moeda que mais perdeu valor em fevereiro de 2022: uma queda de 6,6% em relação ao dólar, de acordo com um estudo da agência de classificação de risco Austin Rating elaborado a pedido do CNN Brasil Business.

    Isso significa, basicamente, que aqueles que deixaram o país terão mais dificuldades para trocar dinheiro para recomeçar suas vidas no novo destino.

    Nos principais destinos, a moeda utilizada é o euro, que, antes mesmo da desvalorização da grívnia, já era bem mais valorizado que a moeda ucraniana.

    No entanto, com pouca relevância global, a desvalorização da moeda ucraniana gera poucos impactos externos, uma vez que, além de não integrar a União Europeia e nem a zona do euro, a Ucrânia não integra a Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan).

    O estudo comparou o valor das moedas no último dia do mês anterior (janeiro) com o último dia do mês em que o estudo foi fechado (fevereiro).

    Alex Agostini, ecominista-chefe da Austin Rating, afirma que “o que se espera para esses imigrantes é amparo governamental, começando pelo social. Eles precisam se recuperar, para depois começar a recuperação econômica”.

    “A situação toda foi muito inesperada, é provável que a maioria não tivesse dinheiro. E, quem tinha alguma coisa, provavelmente não teve tempo de ir ao banco, fazer saque, transferência, nada. Não deu para tomar qualquer medida preventiva, converter para euro, nada”, avalia.

    Outros países envolvidos no conflito e da região afetada também estão entre as nações com moeda mais desvalorizada no período. O rublo, moeda da Rússia, perdeu 6,4% de seu valor e teve a terceira maior queda.

    Belarus, aliada do Kremlin e considerada a última ditadura da Europa, viu o rublo belarusso perder 5,9% de seu valor, se tornando a quarta mais desvalorizada.

    Foi o mesmo patamar alcançado pelo tenge, do Cazaquistão. Logo atrás aparece a lari, da Georgia, desvalorizada em 3,8%. Para Agostini, o fenômeno tem a ver com a reversão de expectativas.

    “Há um grande contágio do conflito para outras economias, porque a guerra impacta diretamente o comércio. O que se acreditava antes é que, com o poder bélico que tem, a Rússia conseguisse maior força de persuasão e enfrentasse menos resistência, o que não aconteceu”, diz o economista.

    “Logo no início, o rublo sofreu forte desvalorização, e a Rússia elevou a taxa de juros de 9,5% para 20% em apenas um dia”.

    Projeções internacionais apontam que o número de refugiados ucranianos pode alcançar cinco milhões, o que representaria cerca de 12% da população da Ucrânia.

    Caso esse dado se confirme, o país seria responsável pela segunda maior diáspora de refugiados, superando os quatro milhões de venezuelanos, mas atrás dos 6,7 milhões de sírios, segundo dados da Acnur. As informações são do relatório de 2021.

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