Ministério da Fazenda não pautou mudança em meta de inflação, diz secretário da pasta
Declaração ocorreu em meio a críticas do governo sobre a taxa de juros, que se encontra em 13,75% ao ano, maior nível desde 2017
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que o Ministério da Fazenda ainda não pautou a discussão sobre a mudança da meta de inflação. A declaração foi dada em um evento promovido pela Bradesco Asset Management nesta sexta-feira (10).
Mello afirmou também que existe um debate global sobre a meta de inflação e que os técnicos do ministério estão acompanhando essas discussões. “A secretaria de Política Econômica assessora o ministro em vários assuntos e esse é um deles.
O Ministério da Fazenda não pautou esse debate, que está acontecendo não só no Brasil, ele é um debate global, no sentido em que os choques inflacionários, desde o momento da Covid, passando pela guerra da Ucrânia e que, até o momento atual, tem se mostrado persistente”, disse o secretário.
A declaração ocorreu em meio a críticas do governo sobre a taxa de juros, que se encontra em 13,75% ao ano, maior nível desde 2017. Mello afirmou ser a maior taxa de juros real do mundo.
“Somos o que mais aumentamos a taxa de juros, mesmo assim não cumprimos a meta em 2021, 2022 e tudo indica que 2023 vai ser um ano que a inflação vai superar a meta”, complementou o secretário
Mello também disse que há uma previsão de crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e acredita que é possível desinflacionar a economia mantendo um nível de crescimento sustentável que permita melhorias das políticas públicas.
Sobre a reforma tributária, Mello afirmou que ela deve começar com a tributação indireta, que é o imposto embutido no valor final de um produto, que é repassado ao consumidor. “Não é apenas a simplificação é o ganho de competitividade e de produtividade que vai ser gerado a partir da aprovação de um imposto sobre valor agregado”.
Sobre a tributação direta, que é a taxação aplicada diretamente sobre a renda, patrimônio ou consumo, Mello disse que pretende pautar o tema após a possível aprovação da reforma tributária sobre os impostos indiretos.
Por fim, o secretário afirmou que a pasta está elaborando um novo arcabouço fiscal que devolva a credibilidade na gestão do orçamento, na gestão pública e que construa previsibilidade da política fiscal no futuro.
“Criamos um instrumento dentro da PEC de transição que prevê a possibilidade de aprovar um novo arcabouço fiscal a partir de uma lei complementar”, finalizou Mello.
*Sob supervisão de Brenda Silva