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    Minimercados dentro de condomínios viram alternativa aos supermercados

    Essas operações funcionam ininterruptamente sem necessidade de manter um funcionário alocado, o que vem sendo chamado de "honest market"

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Minimercados de condomínio, Smart Break e VendPerto
    Estrutura da VendPerto, à esquerda, e detalhe das prateleiras da Smart Break
    Foto: Divulgação

    Sabe quando acaba o sal bem na hora de preparar o jantar? Ou quando bate aquela vontade de tomar uma cerveja vendo o seu time ganhar na quarta à noite e você se esqueceu de comprar? Seus problemas acabaram!!!

    Essa é a mensagem que algumas startups e até varejistas de grande porte, como Hirota, estão tentando passar com a implementação de lojas de conveniência dentro de condomínios de São Paulo e outras grandes cidades brasileiras. Opção que compete diretamente com mercadinhos de rua e apps de delivery.

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    É verdade que isso já existiu antes, principalmente em condomínios de luxo e edifícios comerciais. Mas hoje a tecnologia permite (e a pandemia do novo coronavírus demanda) que essas operações funcionem 24 horas por dia sem necessidade de manter um funcionário alocado, o que vem sendo chamado de “honest market”.

    A maquininha utilizada pelos clientes para pagar o que compraram também faz o controle de estoque. Além disso, são instaladas câmeras para monitorar o fluxo de produtos e possíveis furtos. Há ainda outras possibilidades, como manter a geladeira de bebidas alcoólicas travada para que menores não tenham acesso.

    “Eu sempre falo que esse movimento que estamos vendo se chama ‘honest tech market’. A tecnologia permitiu criar processos para que as lojas chegassem a este formato”, diz Eduardo Terra, conselheiro de empresas e presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

    “Ainda estamos vendo o início desse processo, uma fase piloto. Mas o fato é que a pandemia está demorando para passar e, durante o período de um ano, há tempo suficiente para que as pessoas mudem seus hábitos. O que vai determinar o sucesso do segmento são os preços praticados.”

    Rodrigo Colas, da Smart Break, startup que começou há mais de dois anos no setor corporativo e em 2020 ocupou também os condomínios, estima que os preços gravitem entre os praticados nos mercados tradicionais e os de lojas de conveniência de postos de gasolina.

    Ele conta que a empresa começou com o objetivo de superar as limitações das vending machines presentes em prédios corporativos. Avançaram dessa forma e abriram 65 lojas até a pandemia, quando o faturamento foi a zero. Começaram a migrar então para condomínios.

    “A grande diferença é que a negociação é um pouco mais informal, já que tratamos diretamente com os síndicos. Mas a exigência é altíssima, porque o condômino espera ter muitas opções”, diz. “Também foi preciso fazer adaptações no mix de produtos. Colocamos temperos, produtos de limpeza.”

    Hoje são mais de 100 pontos de venda da marca, com cada loja faturando em média R$ 15 mil por mês. O faturamento total em 2020 deve chegar a R$ 2 milhões. E, para transformar o número de mercados em 1.500 nos próximos três anos, a Smart Break deve começar a franquear seu negócio em fevereiro de 2021. 

    A VendPerto, outra startup do segmento, espera faturamento parecido, de R$ 2,3 milhões no ano, mas pretende crescer de forma diferente. Com 45 lojas instaladas até aqui, outras 10 na fila e mais 30 em negociação, a empresa considera o modelo de franqueamento “complexo” e de retorno mais demorado.

    “O negócio tem ganhado corpo. Nosso desejo agora é agregar novas possibilidades ao consumidor”, diz Davi Secassi, sócio da empresa. “Queremos estabelecer um programa de fidelidade, trazer promoções, montar combos. Fazer nossa comunicação chegar mais perto.”

    Secassi estima que cada loja custa, com tecnologia, mobiliário e estoque, de R$ 25 mil a R$ 40 mil para montar e cerca de um ano para começar a dar lucro. As empresas dão ainda uma porcentagem do faturamento para os condomínios, 5% no caso da Smart Break e entre 2% e 7% da VendPerto, a depender dos valores da conta de energia elétrica.

    (Existe ainda margem parecida, de até 5%, para absorver furtos. Mas Secassi afirma que este número tem sido bem menor. Colas corrobora o sentimento e explica que, quando notam alguma loja com números acima disso, tentam trabalhar a comunicação interna no local antes de decidir retirar a operação.)

    Os condomínios precisam ter, inclusive, certas características para se mostrarem atrativos para as lojas. “Precisa ter um mínimo de renda, classes média e média alta, e escala, ou seja, centenas de apartamentos. Também é diferencial ter acessos bons para facilitar o reabastecimento, mas sem muitos mercados ao redor”, diz Terra. 

    As empresas têm operado a partir de um centro de distribuição, com equipes de reposição “rodando” para garantir a oferta dos produtos nas lojas. Estes funcionários também são capacitados para dar manutenção nas máquinas de pagamento instaladas nos pontos de venda.

    Além das companhias citadas acima, há diversas outras entrando no mercado, como market4u, Numenu, Vendify, Nutricar.

    Gigantes na briga

    Minimercado Hirota
    Em contêineres, lojas da Hirota custam cerca de R$ 150 mil
    Foto: Hirota/Divulgação

    Com presença forte no varejo tradicional e faturamento anual de R$ 500 milhões, o Hirota foi um dos grandes players do setor a entrar no mercado. São oito lojas instaladas até aqui, com planos de chegar a 51 pontos de venda até o final de 2021. Hélio Freddi, diretor de expansão da marca, diz que a margem de lucro é maior do que nos supermercados.

    Ele explica que cada minimercado custa cerca de R$ 150 mil e que a marca já possui cerca de 10 funcionários dedicados ao projeto. Reitera ainda que o seu modelo é diferente das startups. “As startups têm prateleiras e geladeiras. Nós temos loja mesmo, num contêiner, com CNPJ”, diz.

    Freddi diz ainda que, em termos de market share, o que preocupa é uma possível entrada de grandes varejistas, como o Grupo Pão de Açúcar. Em relação às empresas menores, ele defende que elas não conseguem competir nos preços (iguais aos das lojas de rua no caso do Hirota), já que o seu volume de compras é muito menor.

    Nessa linha, VendPerto e Smart Break afirmam que as grandes podem até ter mais margens, mas que podem pecar na microgestão das lojas. Ambas também se preocupam, no entanto, com pequenos negócios que entram no mercado sem ‘know how’, podendo atrapalhar o crescimento do setor.

    Terra, da SBVC, enxerga um caminho intermediário. “Acredito que o mercado possa se desenvolver com a tecnologia das startups sendo utilizada em parceria com as varejistas, que têm escala, logística e entendem do ramo”, diz.

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