Mineradora investe R$ 859 mi para produção de lítio no Vale do Jequitinhonha
Será a primeira planta do gênero no país
A Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, vai investir R$ 859,4 milhões na divisa entre Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, norte de Minas Gerais, para produzir lítio de alta pureza, usado na produção de baterias. Será a primeira planta do gênero no país. A empresa iniciou neste mês as obras de terraplenagem da planta de produção e beneficiamento na Grota do Cirilo, em Itinga. A expectativa é concluir as obras em 2022, quando iniciará a produção de 220 mil toneladas por ano de concentrado de lítio.
Segundo Ana Cabral-Gardner, co-fundadora da A10 Investimentos, a produção da fase 1 do projeto está pré-contratada com o parceiro comercial Mitsui, por um período de cinco anos. A expectativa é ampliar a capacidade para 440 mil toneladas em uma segunda fase, a partir de 2023.
“Essa venda antecipada foi possível porque há mais de dois anos operamos com uma planta de amostras do lítio grau bateria, enviadas para mais de 50 potenciais clientes em todo o mundo”, explica a executiva, acrescentando que o produto foi certificado com os maiores fabricantes de baterias para carros elétricos do mundo.
Os investimentos da A10 na Sigma foram iniciados em 2015, com capital próprio dos sócios. Além de Ana Cabral, ex-executiva dos bancos Garantia, Goldman Sachs e Barclays, a A10 tinha entre seus sócios Marcelo Paiva, ex-gestor do family office da família Mittal. Para atrair mais investidores para o negócio, a empresa abriu capital no Canadá em 2018. A Sigma era avaliada, então, por cerca de R$ 550 milhões. A oferta pública inicial (IPO) na bolsa de valores de Toronto levantou cerca de R$ 110 milhões (algo como 20 milhões de dólares canadenses), atraindo investidores como Blackrock e JPG, entre outros. Ela explica que a Sigma investiu até aqui cerca de R$ 400 milhões em pesquisa e avaliação de reservas para a produção do lítio. Com os novos investimentos previstos, o valor total do projeto vai superar R$ 1,2 bilhão.
Durante a obra serão gerados 400 empregos, chegando a 6 mil postos de trabalho indiretos, segundo a empresa. De acordo com a empresa, a operação será 100% digitalizada e automatizada eletronicamente, controlada por um algoritmo. Foram adotadas tecnologias sustentáveis como recirculação de 100% da água, empilhamento a seco de 100% dos rejeitos (sem uso de barragens) e utilização de 100% de energia renovável.
Ana Cabral explica que os investimentos se justificam. O produto entregue purificado e certificado estaria na faixa de US$ 750 a US$ 800 a tonelada. Atualmente, a produção global está concentrada no Chile e na Austrália. É um produto altamente especializado, usado por setores como tecnologia da informação, automotivo e energias renováveis.