Metalurgia é o setor com maior adesão ao programa de redução energética do MME
Projeto é a aposta do governo federal como solução para reduzir os efeitos da crise hídrica
O setor metalúrgico foi o que mais aderiu, até o momento, ao programa de Redução Voluntária da Demanda – RVD, implementado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que não divulgou o índice de redução por segmento.
A iniciativa tem o objetivo de diminuir o consumo energético de indústrias, na intenção de minimizar os efeitos da crise hídrica que o país enfrenta.
Depois do setor de metalurgia, aparecem, nesta ordem, os setores dos ramos de minerais não-metálicos; químicos; extração de minerais não-metálicos; alimentícios; madeira, papel e celulose; serviços; e veículos.
Uma novidade em relação ao programa foi a aprovação de um aumento do total adicional de redução da demanda, que passou de 237 megawatts (MW) para 442 (MW).
O RDV é um programa de adesão voluntária que permite que grandes consumidores desloquem seu consumo de energia para horários em que a demanda é menor.
Para alavancar o programa, é oferecido uma compensação financeira, um bônus, a ser ofertado pelos próprios consumidores, de acordo com a previsão de redução de consumo de cada uma.
“As diretrizes permitem que o setor industrial participe e dê importante contribuição para a garantia da segurança do fornecimento de energia elétrica, neste momento em que a escassez hídrica impõe grandes desafios para o atendimento da demanda de energia elétrica no país”, explicou o MME em agosto, quando o programa foi lançado.
O resultado da redução no sistema será apresentado em relatórios trimestrais feitos pelo ONS. A divulgação do primeiro está prevista para dezembro.
Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que a única solução para frear essa crise e evitar apagões ou cortes de energia é reduzir o consumo. Eles dizem também que o programa RVD é positivo, mas que é preciso também estendê-lo para os consumidores residenciais.
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“Além de explorar até o limite as poucas oportunidades de aumento da oferta, como máximo despacho térmico, contratação emergencial de capacidade ociosa, relaxamento dos limites de segurança na transmissão, somente a redução minimamente ordenada da carga pode evitar o apagão”, comentou Paulo Cunha, especialista da FGV Energia.
A opinião é corroborada pelo professor Marcio Cataldi, coordenador do curso de Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. “Sem essas medidas, os apagões ou cortes de energia serão inevitáveis nos próximos meses”, avalia.
O programa, no entanto, pode ter baixa adesão das indústrias, segundo um levantamento produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no mês passado.
A pesquisa apontou que 65% dos empresários consultados afirmam ser “difícil” ou “muito difícil” mudar o horário de operação das suas empresas para aliviar a pressão sobre o sistema elétrico no horário de pico, quando há maior demanda de energia.
No entanto, a CNI não emitiu um posicionamento institucional sobre o que pensa do programa de redução enérgica.
Por meio de nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) se mostrou favorável ao programa, mas fez algumas ressalvas, como maior flexibilidade do limite de horas para adesão e redução do volume mínimo estipulado.
“Entendemos que o programa tem grande importância nesse momento de crise e a indústria quer contribuir com as ações. No entanto, é importante ressaltar que o programa ainda pode ser melhorado. O volume mínimo de redução para participar é de 5MW, se fosse reduzido para 1MW o programa ficaria mais ágil podendo atrair mais empresas. Além disso, faria diferença para a programação da produção das indústrias flexibilizar o limite de horas para adesão para duas a sete horas diárias e permitir que se possa fazer a confirmação da participação no dia anterior à efetiva RVD”, disse um trecho do posicionamento.
A Firjan também defende que o deslocamento da demanda possa ser feito para os finais de semana e ressalta que as medidas estipuladas são novas para o setor industrial e que melhorias surgirão ao longo do tempo.