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    Ibovespa fecha em alta de 2,75%; dólar cai a R$ 5,31

    Sessão foi marcada por estreia do Brasil na Copa e feriado nos Estados Unidos

    Da Reuters

    O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (24) em alta de 2,75%, aos 111.831,16, em sessão marcada por feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos – portanto, sem pregões em Wall Street – e pela estreia do Brasil na Copa do Mundo de Futebol, com todas as ações no campo positivo.

    Após o começo do jogo do Brasil contra a Sérvia, operadores diminuíram o ritmo. “Parou geral”, disse um operador de uma corretora estrangeira em São Paulo. Um gestor afirmou que poucos operadores aturaram durante a sessão dado o “risco operacional”.

    A alta era atribuída por agentes de mercado a notícias de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não será intervencionista na Petrobras, bem como de que o economista Pérsio Arida poderia integrar o novo governo.

    Na visão de Tiago Cunha, gestor de ações da Ace Capital, em uma sessão com menor liquidez, essas notícias, assim como a percepção de um cenário mais apertado para a aprovação da PEC da Transição, serviam como argumento para compras.

    Parte do alívio nas negociações desta quinta, após duas quedas seguidas do Ibovespa, também tem respaldo na decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de rejeitar ação da coligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo verificação extraordinária do segundo turno da eleição.

    Já o dólar fechou com desvalorização de 1,13% nesta quinta-feira (24), cotado a R$ 5,310.

    Desta vez, afirmou Luan Alves, analista da VG Research, os “ruídos políticos” tiveram um efeito positivo, e sem Wall Street como referência, o mercado brasileiro acabou sendo influenciado somente pelo noticiário doméstico.

    Na capital federal, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), integrante da equipe de transição, afirmou nesta quinta-feira, que o governo de Lula não será “intervencionista” na Petrobras, e mudanças na petrolífera serão feitas de forma gradual.

    Mas ele também disse que “quem define política de preços de qualquer coisa no país, se vai intervir ou não, se vai ser livre ou não, se vai ser internacional ou não, é o governo”.

    Uma primeira reunião da equipe de transição do governo eleito com o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, será virtual e está agendada para a próxima segunda-feira (28), disse a empresa à Reuters.

    E enquanto investidores aguardam o anúncio da equipe ministerial, agradou notícia de que Arida poderia ocupar um cargo na Secretaria-Executiva da Fazenda ou comandar o Ministério do Planejamento.

    Para o comando da Fazenda, por ora, cada vez mais o noticiário tem mostrado que Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, desponta como favorito de Lula. 

    Na visão de Tiago Cunha, gestor de ações da Ace Capital, em uma sessão com menor liquidez, essas notícias, assim como a percepção de um cenário mais apertado para a aprovação da PEC da Transição, serviram como argumento para compras.

    O Ibovespa veio de duas semanas de queda e até a véspera estava no zero a zero nesta semana.

    Em relação à PEC da Transição, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator-geral do Orçamento do próximo ano e que será o autor da proposta, afirmou à Reuters que texto será protocolado até a próxima terça-feira (29).

    No começo da semana, a representação no TSE adicionara ruído a um mercado já melindrado com as perspectivas fiscais do país e a ausência de definições sobre a equipe ministerial do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Essas questões (fiscal/ministérios), porém, mantêm o Ibovespa oscilando em margens estreitas, uma vez que sem decisões definitivas não há catalisadores para motivar compras – ou vendas.

    De acordo com a XP Investimentos, as questões políticas locais seguem como o principal gatilho para a movimentação dos preços dos ativos locais e o foco continua na proposta de emenda constitucional que permitiria gastos acima do teto em 2023.

    “Agentes financeiros seguem adicionando prêmios de risco aos ativos locais, em meio às indefinições relacionadas ao montante de gastos que deve ficar fora do teto nos próximos anos”, observaram eles em comentário a clientes.

    O penúltimo pregão da semana também incluía mais um dado mostrando aceleração da inflação no Brasil. O IPCA-15 de novembro subiu 0,53%, depois de alta de 0,16% no mês anterior, puxado por preços de combustíveis. A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanço de 0,56%.

    Dólar

    A moeda norte-americana caiu acentuadamente frente ao real na manhã desta quinta-feira, acompanhando o bom humor externo após sinalização de que o banco central dos Estados Unidos pode reduzir seu ritmo de aperto monetário, enquanto, no Brasil, a rejeição da ação que pede uma verificação extraordinária do segundo turno eleitoral sustentava o sentimento.

    Investidores alertavam que a sessão contará com baixa liquidez devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos e à estreia do Brasil na Copa do Mundo, às 16h (de Brasília).

    A ata da última reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos mostrou que uma “maioria substancial” dos formuladores de política monetária concordou que “provavelmente seria apropriado em breve” desacelerar o ritmo das altas das taxas de juros.

    “O que chamou atenção, como novidade, foram sinais mais ‘dovish’ (inclinados a aperto menos agressivo), como o fato de terem afirmado, pela primeira vez, que esperam uma recessão nos EUA como cenário base, bem como vários participantes usando risco de instabilidade financeira como uma das razões para diminuir o ritmo”, comentou Nicole Kretzmann, economista-chefe da Upon Global Capital, sobre a ata da véspera.

    “Daqui para frente, a sinalização da ata foi de que o Fed será mais cauteloso nas suas decisões de altas de juros e que o órgão terá mais paciência para avaliar o resultado acumulado das altas anteriores na economia.”

    Uma moderação no ritmo de alta de juros pelo Fed provavelmente abriria espaço para a valorização de moedas consideradas mais arriscadas, dizem especialistas, já que tornaria o diferencial de juros entre os EUA e outros países menos favorável à maior economia do mundo.

    Apesar da queda do dólar nesta quinta, adiamentos sucessivos da apresentação do texto final da PEC da Transição –que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva busca aprovar para permitir gastos extra-teto a partir do ano que vem– continuava sendo motivo de preocupação.

    “O que se vê a cada tentativa de avanço, a cada sinal emitido, é que o PT está extremamente incomodado com as amarras fiscais e que, se possível, não quer respeitá-las, ainda que possam ocorrer as consequências macroeconômicos amplamente conhecidas”, disse em relatório Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

    O governo eleito inicialmente propôs na PEC um gasto extra-teto de quase 200 bilhões de reais por tempo indeterminado, mas boa parte dos mercados espera que o texto possa ser enxugado nas negociações com o Congresso.

    Aprofundava o desconforto de investidores a incerteza sobre quem será o ministro da Fazenda de Lula, que tem alimentado especulações de que um nome mais à esquerda, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, poderia ser indicado ao cargo.

    “Com os desafios impostos para os próximos anos, a ausência de um técnico gabaritado para o posto, coisa que não falta no Brasil, tem gerado todo estresse do mercado e, por enquanto, não há sinais de que tal postura deva mudar”, avaliou Vieira.

    *Texto publicado por Ligia Tuon e Ana Carolina Nunes

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