Mercado opera de olho em riscos de aumento dos gastos públicos brasileiros
Morning Call, com Priscila Yazbek, destaca o que há de mais importante no radar da economia hoje
Os mercados operam nesta quarta-feira (17) de olho nos riscos de aumento de gastos públicos brasileiros, após sinalização do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em aumentar salários de servidores.
Na terça-feira (16), a Bolsa fechou em queda. Do lado externo, pesou a perspectiva de inflação e juros maiores em países desenvolvidos, o que atrai recursos para esses países e tira atratividade dos emergentes. Do lado interno, pesou o IBC-Br, que mostrou que a economia caiu 0,3% em setembro.
Ajuda no clima de incerteza e piora do risco fiscal o anúncio feito por Bolsonaro ontem, que disse que vai reajustar os salários de servidores federais em 2022, caso a PEC dos Precatórios seja aprovada.
A medida reforça a visão do mercado de que a PEC é um pacote de bondades que aumenta cada vez mais os gastos públicos, conforme as eleições vão se aproximando.
Ainda que o ministro João Roma, da Cidadania, tenha negado depois que o reajuste vai entrar na proposta, investidores se antecipam ao risco. O resultado foi que a percepção de risco aumentou e a curva de juros subiu.
Ou seja, o mercado espera mais gastos, mais riscos e juros mais altos à frente. Juros altos aumentam atratividade de renda fixa e acabam prejudicando a Bolsa, o que explica a nova queda ontem.
Mundo
No exterior, índices americanos fecharam ontem perto do recorde, depois da divulgação de dados de varejo, que vieram acima da expectativa. Ajudaram também os resultados fortes da Home Depot e Walmart. Hoje, futuros abrem mais perto da estabilidade depois da alta de ontem.
Com as sucessivas altas no mercado americano, analistas da Ohm Research avaliam que o mercado não está precificando a inflação acima da média nos próximos anos.
Na Europa, índices operam perto da estabilidade corrigindo um pouco das fortes altas de ontem e com dados de inflação. Na zona do euro, a inflação de outubro subiu para mais do que o dobro da meta do Banco Central Europeu, puxada pelos preços de energia.
Destaque também para a Alemanha, que segue a Áustria e prepara lockdown para não vacinados após atingir novo recorde diário de 53 mil casos de Covid-19.
Na Ásia, bolsas fecharam mistas depois dos dados de exportações do Japão, que ficaram no pior patamar em oito meses.