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    Ibovespa encerra em alta com commodities e PEC dos Precatórios; dólar cai

    Dólar terminou o dia em queda de 0,25%, cotado a R$ 5,594

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business* , Em São Paulo

    O mercado operou nesta quarta-feira (24) de olho no texto da PEC dos Precatórios e na agenda de dados econômicos dos EUA, incluindo a ata da última reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos).

    O Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,83%, aos 104.514,19 pontos. Já o dólar terminou o dia em queda de 0,25%, cotado a R$ 5,594. O aparente descasamento da moeda norte-americana ocorreu porque, na véspera, o dólar futuro acabou fechando em queda de 0,28%, acelerando as perdas após as 17h, quando fecha o mercado à vista.

    PEC dos Precatórios

    O relator da PEC dos Precatórios, senador Fernando Bezerra, protocolou nesta quarta-feira (24) o parecer final da proposta que abre espaço no Orçamento público de 2022. Mesmo com a leitura do relatório final na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a votação do texto deve ficar apenas para a próxima semana.

    Na comparação com o texto aprovado na Câmara dos Deputados, o parecer final do senador Bezerra traz sete mudanças, já adiantadas na última terça-feira (23).

    Entre as principais mudanças, o novo texto tenta proteger o pagamento das dívidas com educação, do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), para acenar aos governadores e professores, que têm forte influência entre os senadores.

    O principal destaque é a tentativa de liberação do Auxílio Brasil permanente, sem necessidade de indicar fonte de receita. A leitura do mercado é que se trata de mais uma mudança nas regras fiscais, que se soma ao furo do teto, e fragiliza ainda mais as contas públicas.

    Como essas mudanças já eram esperadas e pontos que estressaram o mercado foram tirados do texto, como o aumento dos servidores, a Bolsa de Valores terminou o pregão da última terça-feira (23) em alta.

    Commodities

    Josias de Matos, especialista em finanças da Toro Investimentos, afirma que outro ponto que também puxou o Ibovespa para cima foi o minério de ferro e o petróleo.

    “A notícia de que o governo Biden liberou 50 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas dos EUA, a fim de conter a alta nos preços, poderá repercutir nos próximos dias, dado que está marcado a reunião da Opep+, para os dias 1 e 2 de dezembro”, afirma o especialista.

    O Minério de ferro subiu 2,9% no porto de Qingdao, ultrapassando a casa dos US$ 102 por tonelada. Esse foi o quarto dia consecutivo de valorização da commodity.

    Na sessão de hoje, a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR4) cresceram 2,32% e 2,05%, respectivamente.

    Moeda norte-americana

    O  dólar saiu das mínimas do dia e voltou a ficar perto dos R$ 5,60, com investidores reagindo aos dados norte-americanos e atentos ao noticiário local em torno da PEC dos Precatórios.

    A recuperação do dólar no mercado doméstico em relação aos menores patamares da sessão veio em linha com o fortalecimento internacional da moeda norte-americana.

    O índice, que já vinha em alta, ganhou ainda mais força a partir das 10h30, quando o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu para seu menor patamar desde 1969 na semana passada, apontando firmeza sustentada na maior economia do mundo.

    Há entre investidores percepção de que sinais de melhora no mercado de trabalho dos EUA – em meio ainda a inflação elevada no país – fortalecem argumentos a favor de aceleração no ritmo de redução do programa de compras mensais de títulos do banco central norte-americano.

    Fed

    Os membros do Fed decidiram começar a reduzir os US$ 120 bilhões em compras mensais de títulos do Tesouro e de títulos lastreados em hipotecas, um programa introduzido no início de 2020 para ajudar a sustentar a economia durante a pandemia de Covid-19.

    “Vários participantes observaram que o Comitê deve estar preparado para ajustar o ritmo de compras de ativos e aumentar o intervalo da meta para a taxa de juros mais cedo do que os participantes atualmente antecipam se a inflação continuar a rodar acima dos níveis consistentes com os objetivos do Comitê”, disse o Fed na ata da reunião de política monetária ocorrida em 2 e 3 de novembro.

    No ritmo original, as compras de ativos seriam reduzidas completamente até o próximo mês de junho. Porém, há apelos crescentes por parte de alguns formuladores de política monetária para acelerar esse cronograma, por causa das elevadas leituras de inflação e de geração mais forte de empregos desde a reunião. Eles defendem que isso daria ao Fed maior flexibilidade para aumentar sua taxa de juros de referência ante o nível atual, próximo a zero, no início ano que vem, se necessário.

    Todos os sinais apontam que a aceleração da redução das compras de títulos agora é algo a ser debatido na próxima reunião do Fed, em 14 e 15 de dezembro.

    Dados norte-americanos

    Os novos pedidos de bens de capital produzidos nos Estados Unidos aumentaram solidamente em outubro, sugerindo recuperação nos gastos das empresas com equipamentos no início do quarto trimestre.

    Os pedidos de bens de capital não relacionados à defesa, excluindo aeronaves, um indicador observado de perto para os planos de gastos das empresas, aumentaram 0,6% no mês passado, disse o Departamento de Comércio nesta quarta-feira. O chamado núcleo dos pedidos de bens de capital haviam subido 1,3% em setembro.

    Economistas consultados pela Reuters previam que os pedidos de bens de capital subiriam 0,5%. Parte do aumento no mês passado provavelmente refletiu preços mais altos em meio à escassez global de bens.

    Os pedidos de bens duráveis, itens que vão de torradeiras a aeronaves que devem durar três anos ou mais, caíram 0,5% no mês passado, após perda de 0,4%, em setembro.

    Eles foram deprimidos pela queda de 2,6% nos pedidos de equipamentos de transporte, depois da perda de 2,8%, há dois meses. As encomendas de veículos tiveram recuperação de 4,8%, após queda de 2,2%, em setembro.

    Ao mesmo tempo, houve uma queda no número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego.

    As solicitações iniciais de auxílio-desemprego recuaram em 71 mil, para 199 mil em dado ajustado sazonalmente, na semana encerrada em 20 de novembro, informou o Departamento do Trabalho hoje. Esse foi o menor patamar desde 1969.

    Sobe e desce da B3

    Veja quais foram os principais destaques na sessão de hoje (24):

    Maiores altas

    • Banco Pan (BPAN4) +5,19%
    • Locaweb (LWSA3) +4,84%
    • Banco Inter (BIDI11) +4,02%
    • Lojas Americanas (LAME4) +4,02%
    • Cogna (COGN3) +3,80%

    Maiores baixas

    • Natura (NTCO3) -3,64%
    • PetroRio (PRIO3) -3,40%
    • Rede D’Or (RDOR3) -3,12%
    • Hapvida (HAPV3) -2,41%
    • Grupo NotreDame (GNDI3) -2,38%

    Cenário nacional

    A FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou o Índice de Confiança do Consumidor, que ficou no pior patamar desde o mês de abril.

    O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) registrou em novembro queda de 1,4 ponto, aos 74,9 pontos, seu menor patamar desde abril deste ano (72,5).

    O ISA (Índice de Situação Atual), que mede a percepção do consumidor sobre o momento presente, perdeu 2,1 pontos, para 66,9 pontos. Essa piora deveu-se principalmente à deterioração da situação econômica local e das finanças da famílias.

    Já o IE (Índice de Expectativas), que acompanha o sentimento em relação aos próximos meses, caiu 1 ponto, a 81,4, pressionado pelo indicador que mede as perspectivas sobre a situação financeira familiar.

    Outro dado divulgado hoje foi o custo médio das emissões do Tesouro, que subiu em outubro ao maior valor desde o início do governo, num reflexo da alta da Selic para combater à inflação e do movimento da curva de juros, que tem reagido às incertezas fiscais e à mudança no teto de gastos inserida na PEC dos Precatórios.

    Conforme os dados, o custo médio das emissões de dívida interna no acumulado em 12 meses chegou a 7,48% ao ano, sobre 6,91% ao ano em setembro.

    Segundo o coordenador-geral de operações da dívida pública, Luis Felipe Vital, este é o maior patamar desde janeiro de 2019 (7,49%), quando começou o mandato do presidente Jair Bolsonaro.

    À época, a Selic estava em 6,5% ao ano, ante nível atual de 7,75%, sendo que a perspectiva para os juros básicos é de novo ajuste para cima na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em dezembro.

    Ainda nesta quarta, o Supremo Tribunal Federal vai analisar a constitucionalidade do novo marco do saneamento.

    *Com Reuters e informações de Priscila Yazbek, do CNN Brasil Business

     

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