Inflação faz Ibovespa cair, apesar de exterior otimista; dólar sobe na semana
IPCA-15 fez a Bolsa brasileira se descolar dos índices em Wall Street e na Europa
A prévia da inflação no Brasil acima do esperado contribuiu para um pregão de perdas nesta sexta-feira (23).
O dólar à vista teve variação negativa de 0,02% nesta sexta, a R$ 5,2101 na venda. O resultado podera ser melhor, já que a divisa chegou a cair a R$ 5,15 pela manhã. Com o fechamento de hoje, a moeda norte-americana subiu 1,82% ante o real na semana. Em julho, o ganho do dólar é de 4,7%.
Já o Ibovespa fechou em queda de 0,87%, para 125.052 pontos. Com isso, o índice termina a semana com queda de 0,8%.
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram 2,8% e pressionaram o índice para baixo. Os papéis da Vale (VALE3) recuaram 0,51% acompanhando o declínio no preço do minério de ferro.
O resultado do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação, ficou em 0,72% em julho, abaixo da taxa registrada em junho. Em 12 meses, o índice acumula alta de 8,59%, bem acima do teto da meta do governo.
O anúncio fez a Bolsa brasileira se descolar dos índices internacionais.
Na política, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda não confirmou se vai dar a Casa Civil a Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes do Centrão.
Globalmente, o mercado comemorava o resultado do PMI (Índice de Gerente de Compras, na sigla em inglês) composto da zona do euro. A atividade empresarial se expandiu em seu ritmo mensal mais rápido em mais de duas décadas em julho, à medida que o afrouxamento de mais restrições em função da Covid-19 impulsionou os serviços.
O índice preliminar de Gerente de Compras Composto da IHS Markit, visto como um bom guia para a saúde econômica, subiu de 59,5 para 60,6 em julho, sua leitura mais alta desde julho de 2000 – à frente da marca de 50 separando crescimento de contração e de uma estimativa da pesquisa Reuters para 60,0.
Lá fora
Wall Street ganhou terreno pela quarta sessão consecutiva nesta sexta-feira, ampliando um rali que levou os três principais índices acionários dos Estados Unidos a máximas recordes de fechamento, à medida que balanços positivos e sinais de uma recuperação da economia alimentam o apetite de investidores por risco.
O Dow Jones fechou em alta de 0,68%, a 35.061 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 1,01%, a 4.411 pontos, e o Nasdaq teve ganho de 1,04%, a 14.836 pontos.
É a primeira vez que o Dow Jones fecha acima dos 35 mil pontos.
As ações europeias fecharam em máximas históricas nesta sexta-feira, com o otimismo com a temporada de balanços e a promessa do Banco Central Europeu de suporte monetário contínuo se sobrepondo aos riscos de um ressurgimento de casos de Covid-19.
O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 1,1% no pregão para um patamar recorde de 461,75, e marcou uma alta semanal de 1,5%, seu maior ganho semanal desde o início de maio.
Os fabricantes de automóveis foram os que mais avançaram, com alta de 2,5%.
Já as bolsas asiáticas fecharam o último pregão da semana majoritariamente em queda. Predominou novamente a incerteza em relação à pandemia de Covid-19, com o avanço da variante Delta do coronavírus, o que já havia derrubado os mercados na segunda-feira (19). Também houve preocupação com possíveis regulações na China contra empresas de tecnologia, como a Didi Global.
Na China continental, o índice Xangai Composto recuou 0,7%, a 3.550,40 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,4%, a 2.468,14 pontos. Ações de farmacêuticas lideraram as perdas. No Japão, um feriado manteve os mercados fechados pelo segundo dia consecutivo e, portanto, o índice Nikkei não abriu.
“As ações asiáticas foram negociadas de forma lateral nesta sexta-feira, refletindo a volatilidade dos preços em Wall Street na sessão anterior”, disse o analista Anderson Alves, da ActivTrades, em um comentário. “No entanto, as preocupações com a pandemia continuam pesando no mercado”, acrescentou.
Além disso, há preocupação com o cerco regulatório da China. Ontem, a Bloomberg noticiou que autoridades de Pequim consideram impor penalidades, talvez sem precedentes, à Didi Global, que recentemente abriu capital em Nova York. O país asiático vê a decisão da companhia tecnológica de transporte privado de realizar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) nos EUA como uma afronta.
Em Hong Kong, o Hang Seng encerrou com perda de 1,4%, a 27.321,98 pontos, pressionado para baixo por ações relacionadas ao consumo, que recuaram diante da piora da pandemia no continente asiático.
O Kospi, por outro lado, subiu 0,1% em Seul, a 3.254,42 pontos. Na bolsa sul-coreana, o otimismo com a temporada de balanços de empresas superou a incerteza relacionada à variante delta do coronavírus, que tem levado a mais restrições às atividades econômicas.
Na Oceania, a bolsa da Austrália avançou mesmo após um Estado do país decretar emergência por conta da piora da pandemia de covid-19. O S&P/ASX 200 registrou alta hoje de 0,1% em Sydney, a 7.394,4 pontos. O índice acionário renovou a máxima histórica de fechamento pelo segundo dia consecutivo.
*Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo