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    Menor crescimento populacional em décadas pode atrapalhar a economia da China

    Tendência que pode representar sérios problemas para a segunda maior economia do mundo

    Ben Westcott e Eric Cheung, do CNN Business, em Hong Kong

     

    De 2010 a 2020, a população da China teve o menor crescimento em décadas, segundo dados do censo do país divulgados na terça-feira (11). É uma tendência que pode representar sérios problemas para a segunda maior economia do mundo.

    De acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas da China, a população cresceu 5,38% na última década, chegando a 1,41 bilhão de pessoas – ou 72 milhões de pessoas a mais do que em 2010.

     

    Os dados mais recentes representam uma taxa média de crescimento anual da população de 0,53%, valor 0,04% menor do a taxa relatada entre 2000 e 2010. É o menor crescimento populacional da China desde, pelo menos, os anos 1960.

    Os números também aumentam a perspectiva de uma crise demográfica para a nação mais populosa do mundo, com a queda na taxa de natalidade e o acelerado envelhecimento da força de trabalho ameaçando reduzir o rápido crescimento econômico do país.

    O chefe do Departamento Nacional de Estatísticas, Ning Jizhe, disse que a queda na taxa de crescimento é resultado do adiamento da decisão de se ter filhos e dos custos crescentes de se criar uma família. Ning comentou que o número de mulheres em idade reprodutiva também está diminuindo.

    “No futuro, em algum momento, a população da China chegará a seu pico, mas ainda há incertezas. Por algum tempo, a população total da China ficará acima de 1,4 bilhão”, explicou, acrescentando que a China terá uma “força de trabalho abundante por um certo tempo”.

    Reversão da política do filho único
    A China realizou seu sétimo censo nacional em 1º de novembro de 2020, enviando 7 milhões de agentes para coletar dados de sua enorme população em meio a uma pandemia mundial.

    Nos últimos anos, o governo chinês tem lutado para reverter o declínio do crescimento populacional, ao mesmo tempo em que enfrenta a realidade de menos trabalhadores sustentando uma sociedade cada vez mais envelhecida.

    A desaceleração do crescimento populacional da China é, em parte, resultado de sua política de filho único, introduzida em 1979 e que por mais de 35 anos limitou os casais a terem apenas uma criança.

    Três anos após a política ser promulgada, o terceiro censo nacional da China registrou um crescimento médio anual de 2,1% nos últimos 18 anos, com a população quase dobrando entre 1964 e 1982.

    O governo disse em 2015 que mudaria a política para permitir até dois filhos, mas a taxa de natalidade da China tem tido dificuldades para se recuperar.

    O censo de 2020, o primeiro desde a suspensão da política, mostrou um ligeiro aumento na proporção de cidadãos com menos de 14 anos – de 16,6% em 2010 para 17,95% em 2020 – mas não o suficiente para reverter a tendência geral de envelhecimento da população, juntamente com uma desaceleração da taxa de crescimento.

    Os dados também mostram que o número de recém-nascidos registrados na China em 2020 caiu quase 15% com relação ao ano anterior, de 11,79 milhões em 2019 para 10,03 milhões.

    Yong Cai, professor de sociologia da Universidade da Carolina do Norte, disse que a China está se transformando, de um país de “alta fertilidade e alta mortalidade” para uma combinação de “baixa fertilidade e baixa mortalidade”. “O governo chinês está muito ciente disso, a sociedade também, e o ajuste estrutural está em andamento”, afirmou.

    ‘Uma contracorrente’ para a economia da China
    Como resultado da queda na taxa de natalidade, a força de trabalho da China está envelhecendo, e o governo está preocupado com a mudança na demografia, o que pode levar ao aumento dos custos de aposentadorias e à queda do crescimento econômico.

    Os dados do censo de 2020 mostraram que a proporção da população com mais de 65 anos aumentou rapidamente, de 8,87% em 2010 para 13,5% em 2020.

    Cai disse que o aumento da população idosa foi uma “grande contracorrente” para a economia chinesa. “Mas a China não está sozinha nessa situação. A maioria dos países de renda média está nessa categoria. O mundo inteiro está entrando numa realidade em que todos nós envelhecemos juntos”, comentou.

    O governo chinês vem discutindo o aumento da idade de aposentadoria para lidar com o envelhecimento da força de trabalho – atualmente os homens se aposentam aos 60 anos, enquanto mulheres podem parar de trabalhar aos 55 anos se forem funcionárias de empresas, e aos 50 se operárias de fábricas.

    Apesar da desaceleração do crescimento populacional, Stuart Gietel-Basten, professor de ciências sociais e políticas públicas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, disse que há uma série de pontos positivos para a China nos dados do censo de 2020.

    “A proporção do sexo dos bebês parece ter caído bastante, o que significa que o aborto seletivo de meninas parece ter diminuído. As taxas de analfabetismo estão caindo, o número de pessoas com formação universitária aumentou bastante”, comentou.

    “Não é tão importante quando a China vai passar para uma situação de declínio populacional, mas sim o quanto a população consegue se adaptar a uma era sem crescimento”.

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês aqui.)

     

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