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    Melhora da economia leva dólar à mínima em mais de um ano, dizem analistas; veja se há espaço para novas quedas

    Moeda norte-americana é negociada abaixo de R$ 4,80 após dados de atividades indicarem resultados melhores do que os esperados

    Amanda Sampaioda CNN , Em São Paulo

    As últimas semanas têm sido marcadas por quedas sequenciais no dólar americano. Na segunda-feira (19), a moeda renovou a mínima em mais de um ano e fechou o pregão a R$ 4,774.

    Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que o principal fator de valorização do real frente ao dólar está na melhora do cenário político e econômico do país, principalmente no que diz respeito aos debates da reforma tributária, o andamento do novo marco fiscal e às metas de inflação.

    Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que a economia brasileira tem entregado bons resultados, principalmente do ponto de vista da agricultura, o que ajuda na inflação.

    “Temos um cenário econômico menos turbulento do que parecia que seria no começo do ano. Isso ajuda um pouco nesse cenário e, com isso, a tendência é a gente ter uma apreciação do câmbio”, afirma.

    A agropecuária cresceu 21,6% no primeiro trimestre de 2023, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. O resultado foi o que mais impactou o Produto Interno Bruto (PIB) do período, que avançou 1,9%.

    Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, explica que a melhora do cenário econômico doméstico aumenta a confiança do investidor no mercado brasileiro.

    “Ele [o investidor] enxerga que o momento de crescimento e melhora da economia pode estar mais perto. Isso faz com que o dinheiro fique mais aqui e entre mais dólar, já que isso também atrai o investidor estrangeiro”, diz.

    Além disso, ela também acrescenta que a possível queda na taxa de juros brasileira, esperada para o mês de agosto, também melhora os ânimos do mercado.

    Em relação à pausa no ciclo de aperto monetário dos Estados Unidos, Sergio Vale explica que as decisões externas também colaboram para a queda do dólar.

    “Obviamente, o cenário internacional mais ‘calmo’ ajuda, mas quando falamos de câmbio, o fortalecimento da economia doméstica é o que mais influência em apreciações como a que estamos vendo agora do ponto de vista econômico e político”, explica.

    Por outro lado, Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, acredita que a desvalorização da moeda americana tem pouca influência do real e mais do movimento do próprio dólar.

    Ele argumenta o fato de moedas de outros países emergentes também terem se fortalecido frente à moeda dos Estados Unidos, mas ressalta ser difícil afirmar os motivos exatos para a queda.

    “O que eu acho que está acontecendo é a percepção de que um cenário de recessão global está se tornando menos provável do que se achava no começo do ano, principalmente por conta dos apertos monetários”, afirma.

    Dólar deve cair mais até o fim do ano

    Nos últimos dias, vários bancos revisaram para baixo as projeções para o dólar até o fim deste ano e para 2024, motivados principalmente pela melhora da economia local e pela mudança da perspectiva da nota do Brasil pela S&P Global Ratings, na semana passada.

    O Goldman Sachs, por exemplo, revisou a estimativa para o câmbio doméstico e projetou o dólar em R$ 4,40 no final de 2023.

    Já o J.P. Morgan, espera que a moeda termine o terceiro trimestre deste ano em R$ 4,70. Para o fim do ano, a estimativa do banco americano para o câmbio caiu de R$ 5,25 para R$ 4,90 por dólar.

    Sérgio Vale avalia que a tendência é a moeda americana cair ainda mais e se aproximar de números mais baixos até o final do ano, entre R$ 4,40 e R$ 4,50, mas ressalta que certas decisões políticas e econômicas podem mudar as projeções.

    “A não aprovação da reforma tributária, por exemplo, poderia ser um revés negativo para o câmbio, e ele poderia voltar a subir um pouco”, conclui.

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