Medidas da China contra pior surto de Covid-19 em 2 anos ameaçam economia local
País está avançando com sua estratégia "zero-Covid", mesmo quando muitos outros governos decidem que é hora de aprender a conviver com o vírus
A guerra da Rússia na Ucrânia está agitando a economia global enquanto os formuladores de políticas correm para controlar a alta inflação.
Mas a resposta da China ao seu pior surto de Covid-19 em dois anos é um lembrete de que o conflito não é o único risco para a recuperação.
A segunda maior economia do mundo está avançando com sua estratégia “zero-Covid”, mesmo quando muitos outros governos decidem que é hora de aprender a conviver com o vírus.
Shenzhen, um importante centro de tecnologia, entrou em um bloqueio de uma semana depois que a cidade registrou 66 casos positivos no sábado.
Todas as empresas, exceto aquelas consideradas essenciais, pausaram as operações ou implementaram o trabalho em casa.
Xangai, o maior centro de negócios da China, também impôs medidas rigorosas após um aumento nos casos, fechando escolas e cinemas e restringindo as viagens para a cidade.
Quem é atingido: Foxconn, um dos maiores fornecedores da Apple, suspendeu suas operações em Shenzhen, onde possui dois campi principais.
Ele disse na segunda-feira (14) que a data em que o trabalho da fábrica será retomado será “avisada pelo governo local”.
A empresa taiwanesa disse que transferiu a produção para outros locais para “minimizar o impacto potencial” da interrupção, mas não especificou quais locais terão trabalho extra.
A incerteza em torno da produção da Foxconn é um sinal de como a resposta da China ao salto nas infecções por coronavírus se espalhará pelo mundo. O país registrou 2.125 casos locais no domingo em 58 cidades.
Os bloqueios na China podem aumentar ainda mais os custos de transporte de contêineres, que permanecem extremamente altos, e atrapalhar as cadeias de suprimentos globais que ainda estão tentando resolver os atrasos relacionados à pandemia.
“Se houver um caso encontrado no porto de Yantian [em Shenzhen], pode haver uma suspensão do porto por pelo menos duas semanas”, disseram economistas do ING a clientes na segunda-feira.
“Isso afetará as exportações e importações de peças e bens eletrônicos.”
Isso pode piorar ainda mais a inflação. Os gastos dentro da China, importante motor do crescimento do país, também podem ser afetados por uma nova onda de restrições à Covid.
“Esta é certamente a pior situação de vírus na China desde o bloqueio de Wuhan e ameaça as perspectivas de crescimento, já que o consumo doméstico sofrerá outro golpe”, disseram na segunda-feira os economistas do Commerzbank Hao Zhou e Bernd Weidensteiner.
Lembre-se: a meta de crescimento da China de cerca de 5,5% este ano já era a menor em três décadas.
A economia do país cresceu 8,1% em 2021, mas o ritmo de crescimento caiu acentuadamente nos últimos meses do ano.