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    Marina Silva e Yellen pedem investimentos privados no combate às mudanças climáticas

    Ministra do Meio Ambiente e secretária do Tesouro dos EUA se encontraram nesta terça-feira, véspera da reunião do G20 em São Paulo

    Diego Mendesda CNN , São Paulo

    A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, destacaram nesta terça-feira (27) a importância do setor privado na realização de investimentos necessários para o enfrentamento das mudanças climáticas.

    O encontro aconteceu na Sala São Paulo, região central da capital paulista, em um evento promovido pela Amcham — Câmara Americana de Comércio para o Brasil.

    “Estamos mobilizando, com devido sentido de urgência, investimentos públicos e privados a exemplo dos anúncios feitos ontem, de parceria entre o governo brasileiro, o BID, o Banco Mundial para o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores que ajude a alavancar o desenvolvimento econômico de bases sustentáveis”, disse a ministra.

    Yellen disse que vê grandes oportunidades para o Brasil se integrar mais às cadeias de oferta globais, mas destacou a importância do país preparar o terreno para os aportes.

    “É vital que o Brasil crie condições para o setor privado investir e crescer”, pontuou.

    Neste ponto, a secretária do Tesouro norte-americano elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a aprovação da reforma tributária.

    “Parabenizo o ministro Haddad por conquistar uma reforma tributária verdadeiramente histórica. Isso melhorará o modo de fazer negócios aqui, incluindo para empresas americanas buscando investir [no Brasil].”

    Yellen mostrou que os EUA já mobilizaram mais de US$ 30 bilhões na parceria para infraestruturas e investimentos globais, visando empregar US$ 600 bilhões em cinco anos.

    “Através das parcerias para uma transição energética justa, estamos direcionando o financiamento público e privado para apoiar as agendas climáticas e de reforma política dos mercados emergentes.

    Marina Silva corroborou a necessidade do capital privado neste cenário. “Quero reforçar aqui o papel importante a ser desempenhado pelo setor privado, sobretudo no caso a contribuição Amcham Brasil.”

    Segundo ela, na área ambiental, o governo federal está combatendo o desmatamento, aumentando as ambições climáticas, trabalhando de forma comprometida com a proteção dos povos originais e tradicionais e desenvolvendo novos instrumentos ambientais para dar incentivos a conservação segurança jurídica aos investidores.

    Parceria bilateral

    Em seu discurso, Yellen disse que os EUA serão um parceiro forte para o Brasil, mas afirmou que o país ainda precisa lidar com as tarifas externas altas e com a adoção dos códigos e padrões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

    Fazer isso, disse ela, tornaria o Brasil “ainda mais atraente para os investidores estrangeiros, criando oportunidades adicionais para ambas as nossas economias”.

    Yellen disse que o Brasil também está particularmente bem posicionado para se beneficiar da transição global para a neutralidade de carbono.

    Segundo ela, o país conta com uma rede de energia já amplamente baseada em energia renovável, o que seria um ativo importante à medida que as economias de todo o mundo internalizam cada vez mais o custo do carbono na produção.

    A secretária disse que existem “oportunidades significativas” para as empresas dos EUA e de outros setores privados na economia verde do Brasil, incluindo a transição para a energia limpa e o investimento em alimentos à base de plantas e indústrias de cosméticos.

    Desmatamento zero

    Marina Silva reforçou ainda o compromisso do Brasil no combate ao desmatamento e contribuir contra o aumento da temperatura no planeta.

    “Vamos construir nossa nova NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês] que refletirá os compromissos a serem assumidos pelo Brasil, alinhados a meta global de evitar o aumento da temperatura em 1,5ºC.”

    E disse ainda, diretamente à Yellen, da importância da cooperação bilateral entre os países, na defesa do meio ambiente.

    Conforme a ministra, os países estão reunindo as maiores e melhores condições para abrir um novo e grande portal de oportunidade de nossas relações e bilaterais.

    “As nossas equipes devem continuar buscando sinergia no âmbito de transformação ecológica do grupo de trabalho de clima, explorando temas como mercado de carbono, finanças sustentáveis, preservação de floresta e cadeiras de suprimento, bem como investimentos para que nossas cidades se tornem mais sustentáveis e resilientes, de modo a acelerar uma transição justa e inclusiva para todas as pessoas.”

    Em relação ao empenho em reduzir o desmatamento e controlar as atividades ilegais na Amazônia, Marina Silva disse que já apresentou resultados expressivos nesse último ano.

    “Fomos capazes de reduzir o desmatamento em 50% evitando lançar na atmosfera cerca de 250 milhões de toneladas de CO2. E o compromisso do presidente Lula é de desmatamento zero todos os biomas até 2030.”

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