Março foi o primeiro mês a superar níveis de ocupação pré-pandemia, aponta Ipea
No entanto, inflação alta gerou queda de 10,6% no rendimento habitual médio; estudo foi produzido a partir de dados da Pnad Contínua
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado à estrutura do Ministério da Economia, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, aponta que março foi o primeiro mês superar os níveis de ocupação pré-pandemia de Covid-19.
A proporção de ocupados em relação à população brasileira total em idade ativa alcançou 55,9%, um avanço de 5,3 pontos percentuais em relação ao mesmo mês de 2021, descartados os fatores sazonais, para nivelar bases de comparação.
Esse é o maior patamar desde outubro de 2019, quando o índice era de 56,1%.
A publicação aponta que, no terceiro mês do ano, a população ocupada alcançou 96,5 milhões de brasileiros, um aumento de 11,6% quando comparado a março de 2021. No período de um ano, a taxa de desocupação caiu de 15,2% para 10,8%.
O aumento da ocupação se deu calcado no crescimento da informalidade, com crescimento interanual de 23,6% dos empregos sem carteira assinada.
O emprego privado formal apresentou alta de 14,6%, na mesma base comparativa, seguido por elevação de 9,8% no grupo de trabalhadores por conta própria e retração de 3,8% entre empregados do setor público.
Houve ainda redução no número de desalentados, grupo formado pela população que gostaria de trabalhar, mas que desistiu de procurar emprego. O total passou de 5,8 milhões de pessoas para 4,5 milhões, uma retração de 22,1%.
A pesquisa mostra ainda, apesar do aumento da ocupação, o cenário apresenta queda de 10,6% nos rendimentos médios reais habituais, de R$ 2.532.
O fenômeno ocorre devido à alta inflação registrada no período, combinada com a retração de 0,5% nos rendimentos nominais.
Embora o desempenho dos rendimentos seja desfavorável, o aumento da ocupação contribuiu para a melhora da massa salarial real efetiva, que cresceu 3,2% no período.