Livro Bege do Fed aponta inflação persistente e demanda por trabalhadores nos EUA
Documento do banco central norte-americano também destaca impactos do novo lockdown na China na cadeia de suprimentos
A maioria dos distritos norte-americanos espera que a pressão inflacionária no país siga nos próximos meses, afirma o Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
Segundo o material, publicado no período da tarde desta quarta-feira (20), os contatos registraram altas de preços em materiais seguindo invasão da Ucrânia, incluindo energia, metais e commodities de agrícolas.
Os contatos também registraram que os lockdowns na China influenciaram as cadeias de fornecimento, com o impacto da covid-19 continuando a ser sentido.
De acordo com a avaliação, a inflação continua a ser uma preocupação, com a demanda ainda superior à oferta de tudo. A forte demanda geralmente permitiu que as empresas repassassem os aumentos de custos de insumos aos clientes, por exemplo, por meio de sobretaxas de combustível para frete e tarifas aéreas, diz o Livro Bege.
“Os atrasos na cadeia de suprimentos, o aperto do mercado de trabalho e os custos elevados de insumos continuaram a representar desafios à capacidade das empresas de atender à demanda”, disse o Federal Reserve.
“As perspectivas de crescimento futuro foram obscurecidas pela incerteza criada pelos recentes desdobramentos geopolíticos e pelo avanço dos preços.”
Vale lembrar que o Fed subiu sua taxa de juros em março pela primeira vez em três anos, mas ela ainda permanece baixa, atualmente num intervalo entre 0,25% e 0,5%.
Espera-se que o banco central eleve os juros em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de política monetária, nos dias 3 e 4 de maio, e continue com uma série de ajustes nos custos dos empréstimos neste ano, destinados a reduzir a inflação elevada. Os preços ao consumidor avançaram 8,5% sobre um ano antes no mês passado, maior taxa desde 1981.
O Fed também decidirá em maio, provavelmente, iniciar o processo de redução de seu balanço patrimonial, que aumentou para cerca de 8,5 trilhões de dólares em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas conforme o banco central buscava manter baixos os custos de empréstimos ao consumidor durante o pior período da pandemia de Covid-19.
Emprego
A procura por mão de obra continuou a impulsionar o forte crescimento salarial nos Estados Unidos, afirma também o Livro Bege. Segundo o material, o emprego aumentou a um ritmo moderado no país, enquanto a demanda por trabalhadores seguiu forte entre a maioria dos distritos e setores.
As vagas de emprego em aberto nos EUA permanecem perto de recordes, a taxa de desemprego está em 3,6% –mínima em dois anos– e os salários foram impulsionados num ritmo saudável, mesmo que para a maioria dos trabalhadores eles não tenham acompanhado a inflação.
“Muitas empresas relataram rotatividade significativa à medida que os trabalhadores saíram em busca de salários mais altos e horários de trabalho mais flexíveis”, disse o relatório do Fed.
Ainda assim, as contratações foram travadas pela falta geral de trabalhadores disponíveis, embora vários distritos tenham relatado sinais de melhora modesta na disponibilidade, aponta o Livro Bege.
Muitas empresas relataram rotatividade significativa à medida que funcionários partiam para salários mais altos e horários de trabalho mais flexíveis, diz o documento. Por outro lado, alguns contatos indicaram que as pressões salariais começaram a desacelerar.
*Com informações da Reuters e da Agência Estado