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    Líderes da oposição participam de reunião com Haddad e dizem que nova regra fiscal é “factível”

    Integrantes de partidos oposicionistas participaram dos encontros tanto na residência oficial da Câmara dos Deputados, na quarta (29), quanto na presidência do Senado, nesta quinta (30)

    Caroline RositoGabriel Hirabahasida CNN em Brasília

    Integrantes de partidos da oposição ao governo Lula (PT) participaram das reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ressaltaram a importância da aprovação de um novo regime fiscal para substituir o teto dos gastos públicos.

    Os líderes da oposição participaram dos encontros tanto na residência oficial da Câmara dos Deputados, na quarta (29), quanto na presidência do Senado, nesta quinta (30).

    A participação dos oposicionistas no encontro foi elogiada pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, após a reunião de Haddad com os senadores.

    Segundo Padilha, os líderes da oposição, entre eles os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministros do governo Bolsonaro, “mostraram claramente o ambiente de diálogo que estamos construindo para o país”.

    “Desligamos essa máquina de gerar conflitos do governo anterior”, disse Padilha.

    O ministro das Relações Institucionais disse que o governo federal deve encaminhar a proposta de novo arcabouço fiscal até a semana que vem.

    O texto virá por meio de um projeto de lei complementar e sua aprovação automaticamente vai revogar os dispositivos constitucionais criados pelo teto de gastos.

    Essa alternativa (criar uma nova regra por meio de um projeto de lei complementar, cuja aprovação é mais fácil e menos burocrática que a de uma emenda constitucional) foi possibilitada graças à PEC do Estouro, aprovada no fim do ano passado para viabilizar o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 neste ano.

    Ex-vice-presidente no governo Bolsonaro, o atual senador Hamilton Mourão disse que o texto que será apresentado pelo governo Lula “não é do governo”.

    “É uma questão que é importantíssima para o estado brasileiro e não só para o governo do atual. Eu julguei que é factível o que o ministro apresentou agora, todos nós deixamos claro que precisamos nos debruçar sobre o assunto”, declarou Mourão.

    Hamilton Mourão, senador pelo Rio Grande do Sul / O vice-presidente do Brasil, , fala durante a cerimônia de abertura da reunião da OCDE no Palácio do Itamaraty em Brasília, Brasil, 21 de junho de 2022. REUTERS/Adriano Machado

    Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira disse à CNN, na saída da reunião, que a apresentação feita por Haddad levantou algumas dúvidas por parte dos senadores, especialmente pelo fato de o texto completo não ter sido divulgado até o momento.

    O presidente nacional do PP, porém, elogiou a ideia de estabelecer um novo regime fiscal em substituição ao teto de gastos e disse que a oposição apoiará um texto responsável.

    “Esse diálogo foi bom. Ficaram algumas dúvidas ainda, principalmente sobre como vai aumentar a receita ao longo do tempo sem aumentar imposto. Mas é importante estabelecer uma regra fiscal sólida. A oposição vai apoiar o que for bom para o país, não vamos fazer uma oposição irresponsável”, disse Nogueira.

    Novo arcabouço não prevê aumento de imposto, diz Haddad

    Um dos pontos citados pelo ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro é sobre como o governo trabalhará para aumentar a receita ao longo do tempo, já que Haddad reforçou na reunião que não há previsão de aumento da carga tributária.

    Para Nogueira, esse aumento poderia vir a partir de reonerações do governo federal, mas enfrentaria resistências dos setores produtivos beneficiados e teria dificuldade de aprovação no Congresso.

    À bancada, em pronunciamento, senador Ciro Nogueira (PP-PI)
    Ciro Nogueira / Marcos Oliveira/Agência Senado

    Questionado pelo assunto durante a entrevista coletiva nesta quinta, o ministro Alexandre Padilha não respondeu se as reonerações estão no radar.

    Limitou-se a dizer que o governo Lula não trabalha com aumento da carga tributária e repetiu o mantra utilizado pelo presidente durante a campanha eleitoral, que “o governo pretende colocar o pobre no Orçamento e os milionários para pagar imposto”.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, porém, rejeitou essa possibilidade em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda após a reunião com Pacheco e outros senadores.

    Disse que não haverá aumento de imposto ou reoneração da folha de pagamento.

    “Todos me perguntaram: ‘Vai haver aumento da carga tributária?’. Depois que viram o arcabouço, disseram: ‘É consistente, mas queremos saber se essa consistência implicitamente exigirá um aumento da carga tributária’. Se por carga tributária se entende criação de novos tributos ou aumento de alíquota dos tributos existentes, a resposta é: não está no nosso horizonte. Não estamos pensando em CPMF, não estamos pensando em acabar com o Simples, não estamos pensando em reonerar a folha de pagamento”, disse Haddad.

    Por outro lado, o ministro deixou aberta a brecha para novos tributos e revisão de benefícios tributários a setores que ele chamou de “demasiadamente favorecidos”

    Ministro da Fazenda, Fernando Haddad / 28/02/2023 REUTERS/Adriano Machado

    “Não é disso que se trata. Do que se trata, portanto? Lembro a frase do presidente Lula durante a campanha: meu governo vai colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. O que significa isso na prática? Significa que temos que fazer quem não paga imposto pagar. E temos muitos setores que estão demasiadamente favorecidos com regras que foram sendo estabelecidas ao longo das décadas e que não foram revistas por nenhum controle de resultado”, declarou.

    Segundo Haddad, a partir da semana que vem o governo federal deve encaminhar ao Congresso uma série de propostas de revisão de benefícios fiscais e de regulamentação de outros setores que ainda não estão na base de arrecadação.

    O ministro da Fazenda citou como exemplo a regulação das apostas esportivas eletrônicas, que vem sendo discutida no Ministério da Fazenda e no Ministério do Esporte e que o governo vê como opção de aumento de arrecadação nos próximos anos.

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