Klabin foca em desalavancagem e ganho de eficiência em 2023
Empresa também prefere se concentrar em operação azeitada da nova máquina de papelcartão do Projeto Puma 2
A Klabin focará em redução de endividamento e ganho de eficiência operacional neste ano, e prefere se concentrar em uma operação azeitada da nova máquina de papelcartão do Projeto Puma 2, que deve ser ativada no segundo trimestre, afirmou o presidente da empresa, Cristiano Teixeira, nesta quinta-feira (9).
O executivo citou as prioridades ao responder a analista sobre um projeto de expansão da companhia em Santa Catarina. No final de 2022, a empresa mencionou que poderia ter uma decisão até o final deste ano.
“Neste momento, que pode se estender para o próximo ano… prefiro não trazer nenhuma visão do projeto em Santa Catarina”, disse Teixeira na teleconferência com analistas. “O ano é de desalavancar a companhia e ganhar eficiência operacional”, acrescentou.
O executivo da fabricante de papel para embalagens e celulose afirmou ainda que espera que o resultado no primeiro trimestre fique acima do apresentado no mesmo período de 2022.
O projeto de expansão em SC é para ampliar a produção de celulose tipo fluff, envolvendo uma capacidade de 1 milhão a 1,2 milhão de toneladas, das quais cerca de metade seriam de celulose fluff, usada em produtos que incluem fraldas, segundo comentários de executivos da Klabin no final de novembro.
Também no ano passado, a Klabin anunciou o Projeto Figueira, que chegou a enfrentar oposição de alguns membros do conselho de administração. O projeto prevê uma nova fábrica de papelão ondulado em São Paulo e terá investimento de até 1,6 bilhão de reais.
“O ano é de foco na máquina 28”, disse Teixeira nesta quinta-feira referindo-se à nova máquina de papelcartão do Projeto Puma 2, no Paraná. Ele acrescentou que a Klabin já acertou contratos de três anos para a produção da máquina com “ótima negociação em relação a anos anteriores”.
Mercado
Teixeira afirmou que os mercados de kraftliner e papelão ondulado estão mostrando normalidade neste início de ano, que costuma ser sazonalmente mais fraco que em momentos de pico entre o terceiro e quarto trimestres.
O diretor de negócios de embalagens, Douglas Dalmasi, porém, afirmou que enquanto a Klabin conseguiu desempenho “bem melhor que a inflação” no ano passado, para este ano a busca é por estar “mais alinhados com a inflação”.
O diretor do “negócio de papéis” da Klabin, Flávio Deganutti, comentou que a empresa está vendo um momento de preços mais comprimidos nos mercados internacionais, com produtores de custos mais altos “começando a ter dificuldades” diante da proximidade entre os preços e o custo de produção.
Em celulose, a Klabin viu janeiro como um bom mês em termos de demanda, mas executivos citaram que ainda é muito cedo para se esperar que a retomada se firme nos próximos meses.
“Estamos avaliando os desdobramentos na China após o Ano Novo (Lunar) e as expectativas de melhora da economia chinesa”, disse Alexandre Nicolini, diretor de celulose para a Klabin. Segundo ele, na Europa, o ano começou “mais desafiador”.
Questionado sobre os efeito de uma medida provisória em análise no Congresso sobre preços de transferência de produtos para unidades fora do Brasil (MP 1152/2022) e da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na véspera, o diretor financeiro da empresa, Marcos Ivo, citou o conservadorismo da companhia.
“Sempre tivemos posicionamento muito conservador por entendermos que há riscos de uma prática agressiva de planejamento tributário”, disse Ivo. “Isso significa que se a MP for aprovada como está hoje não vai ter impacto para a Klabin.”
“Sobre o STF, não enxergamos nada que venha afetar a Klabin em relação ao passado, a não ser uma maior insegurança jurídica futura”, disse o executivo.
Na véspera, o STF decidiu permitir que o governo passe a cobrar novamente tributos de empresas e contribuintes, mesmo após eles terem conquistado na Justiça o direito definitivo de não pagarem.
Mais cedo, o grupo de supermercados GPA anunciou que passou a reavaliar processos que havia vencido para não recolhimento de Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) após a decisão do STF e estimou “valor negativo” de 290 milhões de reais decorrente da decisão, com base em processos em andamento desde 2007, bem como os valores não recolhidos nos últimos cinco anos.