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    Joe Biden quer investir US$ 2 trilhões em plano ambiental

    Especialistas internacionais dizem que democrata pode usar poder econômico para punir o Brasil se o governo Bolsonaro não cuidar da pauta ambiental

    Núria Saldanha, CNN Brasil em Washington

     

    Joe Biden vai chegar à Casa Branca com o plano ambiental mais ambicioso já apresentado por um presidente eleito no país. Ele promete investir US$ 2 trilhões em energias limpas, criar mais de dez milhões de empregos verdes, além acabar com subsídios aos combustíveis fósseis e proibir as novas licenças para extração de petróleo e gás em terras públicas.

    Além de atender a agenda climática da ala progressista do partido democrata, comandada por Bernie Sanders e Elizabeth Warren, que ajudaram a elegê-lo, o objetivo de Biden é recuperar a liderança global nas questões ambientais que o país perdeu nos últimos anos. Para isso, pretende começar a agir no primeiro dia de governo, colocando os Estados Unidos de volta no Acordo Climático de Paris, um compromisso firmado pelas principais nações do mundo para conter o aquecimento global, que Trump abandonou.

    “Biden vai olhar para a ciência, vai dar um grande prêmio à redução das emissões de gases de efeito estufa e ao desenvolvimento de energia limpa”, diz Jeffrey Schott, pesquisador do Peterson Institute for International Economics. “Será uma mudança de 180 graus em relação à administração Trump.”

    A agenda ambiental agressiva do democrata para reverter a posição do país de segundo maior poluidor do mundo, atrás apenas da China, vai ser o maior desafio nas relações internacionais que o Brasil vai enfrentar nos próximos quatro anos. “Sem Trump, os Estados Unidos não darão mais cobertura para políticas anti-ambientais do Brasil”, diz o professor de Direito Ambiental Internacional da American University, David Hunter. “Biden vai tratar das mudanças climáticas como uma questão de segurança nacional, como prioridade do governo.” – ele diz.

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    O governo brasileiro vai ser pressionado a implementar políticas para reduzir dos incêndios florestais ao desmatamento da Amazônia e do Pantanal. Como no governo Biden, o multilateralismo tende a ganhar força, a pressão sobre o governo brasileiro pode vir de vários países ao mesmo tempo.

    “Você viu na administração Trump um estilo de relações bilaterais em termos de relacionamento. E assim com o presidente Bolsonaro, ele gostava de ter um relacionamento pessoal” – diz  Kathy Baughman McLeod, diretora do Adrienne Arsht–Rockefeller Foundation Resilience Center. “O que veremos com o presidente [eleito] Biden é uma tendência forte para o multilateralismo e, então, uma das coisas que podemos ver é uma pressão desses países sobre o Brasil”, conclui.

    Em um dos debates de campanha, Biden disse que vai criar um fundo de US$ 20 bilhões para ajudar a preservar a Amazônia e afirmou que, se o Brasil não se comprometer a reduzir o desmatamento, vai enfrentar “consequências econômicas”. Sanções não são utilizadas na área ambiental, mas os Estados Unidos podem colocar os cuidados com meio ambiente como requerimento para avançar em pautas diplomáticas e isso pode ter impacto no comércio, como barreiras para importações de produtos brasileiros.

    “Quando se trata de cooperação internacional em torno do meio ambiente, realmente depende dos países se empenharem e fazerem algo porque é a coisa certa a se fazer. A Terra está dividida por causa do sistema político que estabelecemos, mas o clima não se preocupa com essas fronteiras” explica o professor de Relações Internacionais da American University, Simon Nicholson. No entanto, quando o meio ambiente é considerado prioridade para uma nação, ela pode usar o tema para fazer pressões. “A grande alavanca que os Estados Unidos podem usar nesse caso é o poder econômico. Dizer que só vai se envolver com o Brasil se o país tomar certas ações em prol do meio ambiente” – diz Nicholson.

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