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    IPOs e follow-ons movimentaram R$ 126,9 bilhões em 2021; relembre

    Montante ficou atrás apenas do recorde em 2010, em que os IPOs e follow-ons levantaram R$ 149,2 bilhões

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business* São Paulo

    A bolsa de valores brasileira encerrou o ano com 45 IPOs e 26 follow-ons. O mercado de ofertas neste ano movimentou R$ 126,9 bilhões, sendo R$ 65,2 bilhões em ofertas primárias e R$ 61,6 bilhões em operações secundárias.

    O montante ficou atrás apenas do recorde em 2010, em que os IPOs e follow-ons levantaram R$ 149,2 bilhões.

    No ano passado, a B3 teve 27 IPOs e 23 follow-ons, movimentando R$ 117,8 bilhões.

    A maior oferta primária neste ano foi da companhia produtora de açúcar e etanol e de distribuição de combustíveis e geração de energia Raízen, em 4 de agosto, que levantou R$ 6,7 bilhões. Já a maior oferta secundária foi a Vibra (ex-BR Distribuidora) que, em 30 de julho, levantou R$ 11,35 bilhões.

    Daniel Bassan, CEO do UBSS BB, afirma que as companhias, assim como outras do setor de commodities, conseguiram ter uma performance positiva no ano, o que abriu espaço para realizarem ofertas de ações na bolsa. “Um dos principais fatores que favoreceu esse mercado foi a apreciação do câmbio”.

    Leonardo Alvarenga, diretor e analista da Investmind, afirma que a moeda norte-americana se valorizou por conta da maior desconfiança dos investidores estrangeiros em relação às incertezas no país.

    Os setores que mais se destacaram foram o de tecnologia com 11 IPOs e quatro follow-ons e o de saúde que precificou cinco ofertas primárias e três ofertas secundárias.

    Veja abaixo o levantamento realizado por Einar Rivero, da Economatica, sobre a variação das companhias que realizaram IPO neste ano, a pedido do CNN Brasil Business. Vale destacar que o levantamento inclui o Assaí, que apesar de não ter feito uma oferta pública, realizou uma listagem na B3.

    Principais ofertas

    Leia o que os analistas pensam sobre as ofertas que mais valorizaram desde o IPO ou listagem neste ano:

    Assaí

    Em 31 de dezembro de 2020, os acionistas do GPA e de sua subsidiária Sendas (Assaí) aprovaram em suas respectivas assembleias gerais extraordinárias uma proposta de reorganização societária para cindir a unidade Assaí, o que facilitou no processo de listagem da companhia.

    A cisão entre as companhias, que aconteceu em 26 de fevereiro, é um dos motivos pela valorização dos papéis, acreditam os especialistas. No dia, os acionistas do Grupo Pão de Açúcar receberam ativos da Sendas na mesma proporção da participação no GPA.

    Entre a listagem e 8 de dezembro, os papéis valorizaram 392,62%.

    Intelbras

    A Intelbras concluiu sua oferta inicial de ações em 3 de fevereiro, movimentando R$ 1,3 bilhão, de acordo com documentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desde então até 8 de dezembro, os papéis da companhia valorizaram 73,91%.

    A companhia precificou as ações a R$ 15,75 cada – perto do piso da faixa indicativa entre R$ 15,25 a R$ 19,25 por ativo.

    Os recursos foram destinados para aquisições, expandir sua capacidade industrial, ampliar soluções de software e hardware e expandir canais de varejo, segundo prospecto preliminar do IPO.

    Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos, diz que apesar de ter tido um IPO sem muito holofote, talvez por ocorrer em meio a uma janela repleta de opções, as ações da empresa tiveram uma forte estreia e continuaram o movimento de constante valorização até setembro, quando chegou a quase dobrar seu valor em relação ao IPO.

    Na visão do mercado, a empresa apresentou resultados resilientes, mesmo com o cenário mais desafiador do ponto de vista do aumento de custos, do frete internacional e também da estabilização do câmbio em um patamar considerado alto.

    “Assim, a companhia vem conseguindo reajustar seus preços e manter sua margem bruta estável. A empresa também utilizou o dinheiro captado na oferta para fazer aquisições”, comentou o economista.

    Vamos

    A locadora de veículos pesados Vamos movimentou mais de R$ 1 bilhão, em 29 de janeiro.

    Do total captado, R$ 890 milhões foram para o caixa da Vamos. A empresa usou o dinheiro no financiamento da frota para atividade de locação de caminhões, máquinas e equipamentos.

    Os demais R$ 296 milhões foram para a Simpar, que aproveitou a operação para vender parte de suas ações na subsidiária.

    Os investidores enxergaram que a Vamos está bem posicionada para ser uma gigante do setor de aluguel de veículos pesados, podendo navegar em um “oceano azul”, diz Nishimura. Isto é, em um mercado pouco explorado, visto que setor de aluguel de caminhões no país possui baixa penetração.

    Boa Safra

    O IPO da Boa Safra levantou R$ 459,9 milhões. A precificação do papel ficou no piso da faixa, a R$ 9,90. As ações valorizaram 49,19% entre 28 de abril (quando ocorreu a oferta primária) e 8 de dezembro.

    Do montante arrecadado, metade foi utilizado no reforço do caixa e de capital de giro, enquanto os outros 50% foram destinados ao crescimento orgânico e potenciais aquisições.

    Nishimura afirma que as ações valorizaram porque a companhia é líder na produção de sementes de soja no Brasil e uma referência tecnológica para o setor.

    “O mercado enxerga que a empresa está posicionada para crescer ainda mais em meio à tendência secular de crescimento da soja no Brasil. Os resultados trimestrais apresentados após o IPO também foram bem vistos pelo mercado, com aumentos de receita, Ebitda e da carteira de pedidos”, diz o economista.

    Vittia

    A Vittia realizou uma oferta pública primária em 2 de setembro, e movimentou R$ 359 milhões. O preço por ativo fixado foi de R$ 8,60

    Segundo o prospecto do IPO, 455 do montante foi destinado à aquisições, 20%, expansão; 15%, modernização.

    A companhia suspendeu sua operação em 18 de agosto por conta de “condições adversas do mercado”. Logo em seguida, retomou o IPO, e até 8 de dezembro seus papéis valorizaram 45,18%.

    A Vittia é também mais uma companhia relacionada ao agronegócio, atuando no desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de produtos de nutrição e proteção vegetal por meio de fertilizantes especiais e defensivos biológicos.

    “O primeiro resultado trimestral pós-IPO também foi visto de forma positiva, com forte crescimento nas principais linhas do balanço”, afirma Nishimura.

    Futuro

    O mercado no próximo ano será desafiador para o universo de capitais. Vítor Saraiva, responsável pela área de renda variável em mercado de capitais da XP, aponta que existirá a volatilidade por conta das eleições e um aumento na taxa básica de juros até o fim do ciclo para segurar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

    “Acreditamos que, com um mercado maior e mais pujante, ele estará aberto para boas empresas independentemente da janela de ofertas”, diz Saraiva. “Contudo, esperamos um mercado para IPOs realmente mais desafiador. As operações devem se concentrar no começo do ano e, principalmente, após as eleições”.

    Bassan também tem a mesma opinião que o analista da XP, “veremos muitas companhias considerando vir a mercado com ofertas primárias até o fim do primeiro trimestre de 2022, janela na qual se espera ser menos volátil e viável para precificações de ofertas de empresas já listadas”.

    Ao todo, existem 49 ofertas em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

    *Com Reuters

    **Erramos: havia um erro no título da matéria, que falava em R$ 126,9 trilhões em vez de R$ 126,9 bilhões.

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