IPCA fecha 2023 em 4,62% e fica abaixo do teto da meta pela 1ª vez desde 2020
Em dezembro, inflação do país foi de 0,56%, sexto mês seguido em alta; meta para este ano era de inflação de 3,25%, com margem de tolerância que poderia ir de 1,5% até 4,75%
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, encerrou 2023 em 4,62%, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (11).
O número é menor que os 5,79% registrados no ano anterior, e ficou abaixo do teto da meta pela primeira vez desde 2020.
A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado ligado ao Ministério da Fazenda, para este ano era de uma inflação de 3,25%, mas com uma margem de tolerância que poderia ir de 1,5% até 4,75%.
Em dezembro, a inflação do país foi de 0,56%, sexto mês seguido em alta.
Tanto o número do ano quanto o do mês vieram acima do esperado pelo mercado, de 0,48% e 4,56%, respectivamente, segundo pesquisa da Reuters.
Transportes foram maior impacto do ano
O grupo de transportes teve o maior impacto anual na inflação do ano, quando a gasolina acumulou alta de 12,09%.
Com o maior peso entre os subitens do IPCA, a gasolina exerceu no ano a maior contribuição individual (0,56 p.p.) para o resultado geral. “Vale lembrar que a gasolina teve o impacto da reoneração dos tributos federais e das alterações nas cobranças do ICMS”, diz o gerente do IPCA, André Almeida.
Dentro do grupo transportes, o IBGE destaca ainda as altas de emplacamento e licença (21,22%) e das passagens aéreas (47,24%).
Do lado das quedas, o destaque fica para automóveis novos (2,37%), cujos preços desaceleraram em relação a 2022 (8,19%), enquanto os dos usados recuaram 4,80%.
“Como os preços dos automóveis subiram em 2022, o IPVA refletiu essa alta no ano seguinte”, diz André.
O segundo maior peso do índice foi o grupo de Alimentação e bebidas (1,03%), que tem o maior peso no IPCA.
Esse grupo ajudou a segurar o índice de 2023, destaca André. “Houve quatro quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado. A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho”, diz.
No grupo, o destaque fica para os preços da alimentação no domicílio (-0,52%), com a deflação do óleo de soja (-28,00%) do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%).
Outros grupos de destaque no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).
Clima impactou preço de alimentos em dezembro
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em dezembro. A maior variação (1,11%) e o maior impacto (0,23 p.p.) vieram do grupo Alimentação e bebidas, cujos preços sofreram com o clima.
“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explica André Almeida.
O especialista destaca a quinta alta consecutiva no preço do arroz, que sofreu com o clima desfavorável, e o feijão, pressionado tanto pelo clima adverso quanto pelo aumento do custo de fertilizantes.
O grupo transportes foi o segundo maior impacto de dezembro, com destaque para passagens aéreas (8,87%), que continuaram subindo pelo quarto mês seguido.
Por outro lado, todos os combustíveis pesquisados (-0,50%) tiveram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
“Pelo fato de a gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA, com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, ressalta André. Em dezembro, os preços desse combustível caíram pelo terceiro mês consecutivo.