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    IPCA registra deflação de 0,38% em maio, menor patamar em 22 anos

    Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE e demonstram o segundo mês consecutivo de queda nos preços – em abril, a deflação foi de 0,31%

    do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    Puxado pela queda de 4,56% nos preços dos combustíveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,38% em maio. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e demonstram o segundo mês consecutivo de queda nos preços – em abril, o país registrou deflação de 0,31%. Impactado pela pandemia do novo coronavírus e isolamento social, o valor é a menor variação mensal desde agosto de 1998. 

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    “Três grupos merecem destaque em maio: transportes caíram menos devido à menor queda da gasolina, houve desaceleração nos alimentos e os artigos de residência saíram do negativo para positivo”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

    Com isso, em 12 meses a inflação acumulada foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial, chegando a 1,88% em maio, de 2,40% no mês anterior. O objetivo de inflação para este ano é de 4% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

    Tanto as medidas de isolamento para contenção do coronavírus quanto recentes reduções no preço da gasolina pela Petrobras vêm influenciado a movimentação de preços no Brasil.

    Em maio, a maior pressão veio da queda de 4,56% nos preços dos combustíveis, levando o grupo Transportes a recuar 1,9%, embora tenha marcado um recuo menor do que o de 2,66% visto em abril.

    A gasolina recuou 4,35%, menos do que a queda de 9,31% em abril. O custo do etanol recuou 5,96% e do óleo diesel teve queda de 6,44%. Já as passagens aéreas recuaram 27,14%.

    Dos nove grupos pesquisados, cinco tiveram deflação em maio, com quedas ainda nos preços Habitação (-0,25%), Vestuário (-0,58%), Saúde e Cuidados Pessoais (-0,10%) e Despesas Pessoais (-0,04%).

    No lado das altas, os preços de Artigos de residência subiram 0,58% puxados pela alta dos artigos de TV, som e informática.

    “Esse aumento pode ter relação com o dólar, com o efeito pass-through, quando a mudança no câmbio impacta os preços na economia. E artigos eletrônicos normalmente são mais afetados porque têm muito componentes importados. Então a desvalorização do real acaba impactando o preço desses produtos também”, explicou Kislanov.

    Já Alimentação e bebidas avançou 0,24%, desacelerando ante a alta de 1,79% em abril. Cenoura (-14,95%) e frutas (-2,1%), que haviam subido em abril, passaram a cair em meio, e contribuíram para que a alta da alimentação no domicílio passasse de 2,24% para 0,33% em maio.

    “O grupo dos alimentos voltou a ser o de maior peso por conta da pandemia. Como eles ficaram mais caros e os transportes mais baratos, houve uma mudança nos pesos do índice”, disse Kislanov.

    Os consumidores no países devem permanecer cautelosos em meio à crise econômica, que provocou uma contração de 1,5% da economia do país no primeiro trimestre, com o cenário apontando para uma recessão histórica.

    O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem por objetivo medir a inflação de produtos e serviços comercializados no varejo. Para realizar o cálculo, o IBGE comparou os preços coletados no período de 30 de abril a 28 de maio de 2020, com os preços vigentes no período de 31 de março de 2020  a 29 de abril (base). Com a pandemia do novo coronavírus, porém, o IBGE suspendeu a coleta presencial de preços. A partir dessa data, a pesquisa foi feita por sites de internet, telefone ou e-mail.

    Política monetária

    O Banco Central volta a se reunir na próxima semana para decidir sobre a política monetária em meio a essa crise econômica, e a expectativa é de nova redução da taxa básica Selic, atualmente em 3%.

    Na pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC junto a economistas, a expectativa é de que a inflação termine este ano a 1,53%.

    * Com Reuters

     

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