Invasão da Ucrânia agrava situação dos bancos centrais, diz ex-presidente do BC
Para Gustavo Loyola, a guerra na Ucrânia pode afetar o crescimento econômico global
Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (24), o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola comentou sobre as consequências da guerra na Ucrânia para a economia global.
Loyola avalia que a invasão russa à Ucrânia “agrava a situação dos bancos centrais”. O ex-presidente do BC explica que “o mundo vinha de um processo inflacionário, uma oferta que ainda não se recuperou da crise causada pela Covid-19 e uma demanda muito aquecida em vários países. Logo, já existia o dilema de conter os preços, mas ele foi agravado”.
Para o economista, os Estados Unidos e os países europeus devem continuar com o objetivo de conter a inflação através do aumento das taxas de juros, mas agora “com alguma cautela adicional”.
Sobre as sanções que foram adotadas contra a Rússia, Loyola avalia que as medidas devem demorar para surtir efeito. “A Rússia se preparou para atacar a Ucrânia. O banco central russo acumulou reservas, matéria-prima e produtos de tecnologia, por exemplo”.
No entanto, o ex-presidente do BC entende que, com o passar do tempo e o aumento da duração do conflito, “as empresas terão dificuldades para importar e exportar produtos, os investimentos devem cair e os russos podem enfrentar a falta de insumos. Isso tudo depende da extensão do conflito e o grau de adesão de outros países”, afirmou.
Sobre a situação brasileira, Loyola diz que o país pode ser prejudicado em curto prazo. “O maior impacto será na inflação, já que os preços internacionais do petróleo e do gás devem ter reflexos no Brasil, agravando a inflação”.
Por fim, o ex-presidente do BC diz que o crescimento mundial deve ser prejudicado “principalmente com a elevação dos juros em vários países. Uma “desilusão” para várias economias e expectativas de crescimento no mundo.