Insatisfeitos com reajuste, caminhoneiros podem decidir sobre greve na 6ª feira
Liderança está conversando com os representantes da categoria nos estados sobre a possibilidade de paralisação em 1º de fevereiro
O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, disse que ainda está conversando com os representantes da categoria nos estados sobre a possibilidade de paralisação em 1º de fevereiro e que a associação deve ter uma posição definida na sexta-feira (22).
Ele considerou insuficiente o reajuste do piso mínimo do frete, anunciado nesta terça-feira, 19. “Colocaram só em 2,51% de reajuste, isso é brincar com a categoria, é chamar a gente de palhaço”, disse. “A gente queria saber onde que a ANTT arrumou esse cálculo de 2,51%; não fizeram a pesquisa no mercado para saber quanto está o preço do pneu, dos insumos para o caminhão.”
A ANTT publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira uma nova tabela com preços mínimos de frete rodoviário. De acordo com a agência reguladora, as alterações vão resultar em um aumento médio que varia de 2,34% a 2,51%, conforme o tipo de carga e operação. O reajuste considera o IPCA, inflação oficial do País, e a atualização do preço do diesel.
Landim questionou o motivo de o Esalq-Log ter ficado de fora da discussão sobre o cálculo do reajuste. Em posicionamento enviado ao Broadcast Agro, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (Esalq-Log) informou que o contrato da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) com a ANTT previa a realização de 3 ciclos regulatórios (Julho/2019, Janeiro/2020 e Julho/2020).
“Em duração foram quase 2 anos de atividades e 19 relatórios emitidos. Os trabalhos foram concluídos antes dessa nova atualização, portanto sem a participação do Esalq-Log.” Segundo Landim, a categoria busca agora uma agenda com o presidente Jair Bolsonaro. “Ele precisa falar com o Brasil, e nós somos o Brasil.” Conforme o representante, “a cada semana vem aumentando a adesão” a uma possível greve. “A categoria realmente está na UTI.”
Ele disse ainda ter encaminhado um ofício ao Ministério da Infraestrutura e à ANTT pedindo respostas dentro da lei de acesso à informação sobre quantas fiscalizações foram feitas do cumprimento das disposições da lei de piso mínimo do frete durante os anos de 2019 e 2020.
Até sexta-feira, 22, Landim continuará se reunindo com representantes dos caminhoneiros autônomos nos Estados para ouvir a categoria. “Os que eu conversei, principalmente no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, no Nordeste, estão bem inclinados (à paralisação). E realmente não tem mais condições, a categoria está sofrendo demais. A gente precisa trazer essa resposta o mais rápido possível”, disse.
“A única coisa que a gente quer é que se cumpram as leis que a gente já conquistou.” Para Landim, zerar a tarifa de importação de pneus não traz grande contribuição para a atividade dos caminhoneiros autônomos. “É um conta-gotas. Lançaram o cartão caminhoneiro, eu falei que não funcionava, lançaram o crédito de R$ 30 mil para os caminhoneiros, depois mudaram para R$ 100 mil. Me aponte um caminhoneiro que pegou? Tudo que eles prometeram não teve eficácia”, disse. “Nós conquistamos as leis. Se a lei existe, ela tem que ser cumprida.”