Inflação da zona do euro pode começar a desacelerar após verão, diz vice do BCE
Em reunião de política monetária de junho, BCE adiantou que planeja elevar juros em 25 pontos-base em julho e sinalizou um aumento de 50 pontos-base para setembro
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, previu nesta quarta-feira (22) que a inflação na zona do euro deverá se manter perto do atual nível recorde nos próximos meses e começar a desacelerar após o verão europeu.
Guindos, que falou em evento virtual organizado pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo em parceria com a Associação de Jornalistas de Informação Econômica, disse também que o tamanho do aumento de juros a ser implementado pelo BCE em setembro dependerá das expectativas de inflação.
Na reunião de política monetária deste mês, o BCE adiantou que planeja elevar juros em 25 pontos-base em julho e sinalizou um aumento de 50 pontos-base para setembro.
Guindos comentou também que o BCE está acelerando o processo para estabelecer um instrumento contra a fragmentação, como é conhecida a divergência nos custos de empréstimos de países da zona do euro. Segundo ele, a fragmentação é uma preocupação significativa para o BCE.
O dirigente disse que o conselho diretor do BCE ainda não discutiu detalhes do novo instrumento, mas ressaltou que a ferramenta será diferente dos programas de compras de ativos, como PEPP ou APP, ou do chamado programa de Operações Monetárias Completas (OMT, pela sigla em inglês).
Novas compras de títulos pelo BCE não devem atrapalhar o combate à inflação, diz vice-presidente
A ferramenta do BCE para combater o aumento dos rendimentos da dívida governamental em alguns países da zona do euro não deve interferir no objetivo do banco de controlar a inflação, disse De Guindos nesta quarta-feira.
“Os instrumentos de fragmentação não devem interferir na abordagem geral da política monetária, que deve se concentrar no combate à inflação”, disse De Guindos a um evento financeiro na Espanha.
Em uma reunião de emergência na semana passada, o BCE decidiu direcionar o reinvestimento dos títulos para ajudar países da região sul do bloco e conceber um novo instrumento para conter a divergência nos custos dos empréstimos.
De Guindos disse que a implementação de um instrumento específico para evitar a fragmentação “permitirá que a política monetária aja com mais força para reduzir a inflação em direção ao caminho definido pelo BCE” de uma meta de 2% a médio prazo.
O BCE sinalizou aumentos futuros dos juros para reduzir a inflação, que atingiu um recorde de 8,1% no mês passado na zona do euro.
No mesmo evento, a ministra espanhola da Economia, Nadia Calvino, disse que ela e seus colegas da UE não discutiram as condições de uma ferramenta antifragmentação na semana passada.