Inflação da zona do euro desacelera para menos de 2% e estimula corte de juros
A presidente do BCE, Christine Lagarde, enviou o sinal mais claro até agora na segunda-feira (30) de que outro corte de juros pode ocorrer ainda este mês
A inflação da zona do euro desacelerou para menos de 2% em setembro pela primeira vez desde meados de 2021, reforçando um argumento já sólido por um corte na taxa de juros do Banco Central Europeu (BCE) neste mês, à medida que a batalha de três anos para controlar a alta dos preços está chegando ao fim.
A inflação nos 20 países que compartilham o euro atingiu 1,8% em setembro, de 2,2% em agosto, mostraram os dados do Eurostat nesta terça-feira (1), em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, principalmente devido à queda nos custos de energia e aos preços inalterados de outros produtos.
Enquanto isso, o núcleo da inflação caiu de 2,8% para 2,7%, devido ao crescimento mais lento dos preços de serviços.
A alta dos preços tem ficado acima da meta do BCE há anos, com o aumento dos custos de energia, gargalos de produção na reabertura pós-pandemia, oportunismo corporativo e apoio fiscal abundante, todos elevando a inflação para mais de 10% no final de 2022.
Mas uma série recorde de aumentos nos juros tem controlado o crescimento dos preços de forma relativamente rápida, com as autoridades agora debatendo a velocidade com que devem reduzir os custos dos empréstimos.
O BCE já reduziu os juros em junho e setembro, e a presidente do BCE, Christine Lagarde, enviou o sinal mais claro até agora na segunda-feira (30) de que outro corte pode ocorrer ainda este mês, dadas as tendências positivas dos preços.
Não se esperava um corte tão rápido na taxa de juros até recentemente, mas uma série de dados ruins de crescimento, pressões salariais moderadas e leituras de inflação abaixo das projeções do próprio BCE têm elevado a urgência.
Reforçando os argumentos a favor de um corte, a inflação de serviços – talvez o componente mais observado do crescimento dos preços – desacelerou um pouco, passando de 4,1% para 4,0%, atenuando, mas não erradicando os temores de que as pressões internas dos preços estejam presas em um nível elevado.
A queda dos custos de energia continuou sendo o maior contribuinte para a desinflação, enquanto os preços dos produtos industriais não energéticos aumentaram apenas 0,4% em comparação com o ano anterior, também puxando o número geral para baixo.
Investidores elevaram suas apostas em cortes de juros mais rápidos após os comentários de Lagarde e os mercados agora precificam uma chance de 85% de uma redução em 17 de outubro, em comparação com 25% no início da semana passada. Eles também precificam pouco mais de 50 pontos-base de movimentos até o final do ano.