Indústria de carnes adere formalmente ao protocolo “Boi na Linha”, com foco em critérios ambientais na compra de gado
Abiec, associação que representa as exportadoras de carne do país, planeja expandir para todas as associadas adesão ao programa Boi na Linha, de boas práticas para o setor na Amazônia
Uma semana depois de a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgar que irá apertar as exigências na concessão de crédito a frigoríficos que atuam na Amazônia, a Abiec, associação que representa as exportadoras de carne do Brasil, anuncia, nesta terça-feira (6), a adesão formal ao protocolo “Boi na Linha”, que estabelece critérios socioambientais na compra de gado em todo o país.
A parceria foi firmada com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
“Nossa ambição é ter, dentro de um ano, todas as empresas atuando na Amazônia dentro do Protocolo, e, em dois anos, as outras empresas associadas”, disse Fernando Sampaio, Diretor de Sustentabilidade da Abiec.
Criado em 2019 pelo Imaflora em parceria com o Ministério Público Federal, o Boi na Linha é um conjunto de protocolos de boas práticas sociais e ambientais para empresas de toda a cadeia da carne presentes na Amazônia.
Isso vai desde os criadores de gado até os frigoríficos, que compram esse gado e processam a carne, e supermercados.
Atualmente, 16 das 39 associadas da Abiec, incluindo os maiores frigoríficos do Brasil, já são integrantes e seguem os protocolos do programa de proteção ambiental.
A intenção com a nova parceria da Abiec com o Imaflora é expandir, nos próximos anos, essa adesão para todos os seus associados.
“Com a representatividade das associadas da Abiec, vamos melhorar o ambiente de negócios, uniformizando procedimentos e critérios de originação no setor”, afirma a diretora-executiva do Imaflora, Marina Piatto.
As 16 companhias que participam do Boi na Linha respondem, de acordo com a Abiec, por 63% do total de abates formais feitos no Brasil e 74% do que é feito apenas na Amazônia.
Com a ampliação para as 39 associadas, essa proporção sobe para 84% dos abates na Amazônia e 80% do total do país. Juntas, as empresas que integram a Abiec representam 98% das exportações de carnes do Brasil.
Ofensiva dos bancos
Na semana passada, a Febraban anunciou uma nova política de autorregulação pela qual os principais bancos do país passarão a elevar as exigências para conceder crédito a frigoríficos que atuem na Amazônia.
Pelas novas regras, a indústria da carne terá que possuir sistemas de rastreabilidade de seus fornecedores na Amazônia como condição para conseguir empréstimo dessas instituições.
A medida foi criticada pela Abiec e por especialistas, que avaliaram que o engajamento dos bancos como parte desta cadeia poderia ser maior, além de abarcar outras indústrias, além da carne, que também exploram os recursos da Amazônia, como mineração e madeira.
Publicado por Juliana Elias