Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    IBGE faz primeiro teste preparatório de coleta para o Censo de 2022

    Ilha de Paquetá foi escolhida por já ter 85% da população com esquema vacinal contra a Covid-19 completo

    Bruna CarvalhoIuri Corsinida CNN , No Rio de Janeiro

    Diante das incertezas orçamentárias, começou nesta segunda-feira (6), na cidade do Rio de Janeiro, o primeiro teste preparatório de coleta para o Censo Demográfico 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Brasil. Esse primeiro teste tem como objetivo avaliar os aplicativos e o sistema de coleta adotados pelo instituto, com a intenção de corrigir e evitar possíveis falhas na aplicação da pesquisa, que será feita em 2022 em todos os municípios brasileiros.

    Até o dia 24 de setembro os recenseadores vão visitar todos os domicílios da Ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. Pelo menos 16 técnicos do IBGE vão estar diretamente envolvidos no serviço de coleta, sendo 12 deles atuando como recenseadores.

    O local foi escolhido porque 85% da população adulta já está com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo. Outro fator é a proximidade do bairro com a sede do IBGE, o que reduz os custos operacionais. Lá serão utilizados métodos alternativos e complementares de coleta de dados: presencial, por telefone e pela internet. Essas formas de coleta serão utilizadas no recenseamento do ano que vem.

    Do dia 24 ao dia 1º de outubro, o Instituto fará a supervisão da coleta. Para finalizar, será feita uma Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE), que é usada para avaliar a cobertura e a qualidade da coleta de dados do estudo censitário. Esse trabalho vai até 30 de outubro. Segundo o IBGE, o Brasil é o primeiro país do mundo a fazer o Censo Demográfico totalmente digital, sem questionário de papel, tudo transmitido pela internet.

    Censo em abril

    O Censo em 2022 está previsto para começar de forma antecipada, em abril. Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, será importante para que a pesquisa não seja realizada durante o período eleitoral e para fins de repasse do fundo de participação aos municípios.

    “Nunca houve em outro Censo essa ideia de fazer testes para todas as unidades da federação. Serão feitos testes coordenados para anteciparmos o Censo de agosto para abril, para não coincidir com o processo eleitoral e para brindar os municípios com o resultado dos censos a tempo do TCU (Tribunal de Contas da União) utilizá-los para o fundo de participação dos municípios”, informou.

    Já o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azevedo, falou sobre o retorno do IBGE às ruas para realização do censo. “Estamos retomando a atividade de campo no Censo. Vamos resgatar os equipamentos e também observar a abordagem ao informante em tempo de pandemia. A gente vai estar com cerca de 30 pessoas atuando aqui em Paquetá durante o mês inteiro”, disse ele.

    Ano que vem Paquetá será recenseada mais uma vez e, à CNN, o casal Lucy Linhares e Bernardo Karam, que tem casa na ilha desde 1979, comentou sobre a importância do Censo para o país.

    “Nós achamos o Censo fundamental. Ficamos muito tristes quando o Censo foi cancelado. Um país não pode saber suas prioridades, saber sobre sua população sem o Censo”, disse Lucy Linhares, que tem 67 anos e é antropóloga

    “Sem o Censo a gente não chega a lugar nenhum. O Censo existe a cada 10 anos por um motivo. Existe uma sequência histórica. O fato de não ter sido feito há dois anos gera um prejuízo extraordinário. Mas estamos muito felizes pela existência da realização do Censo neste momento, apesar dos atrasos”, completou o professor Bernardo Karam, de 74 anos.

    A operação realizada nesta segunda-feira (6) servirá também para avaliar o modelo de testes para uso em outras unidades estaduais do IBGE, em novembro. Nesse mesmo mês, o IBGE fará um teste em maior escala no município de Engenheiro Paulo de Frontin (RJ), além de visitar aglomerados subnormais e domicílios improvisados em Nova Iguaçu (RJ) e em territórios indígenas e quilombolas em Angra dos Reis (RJ) e Paraty (RJ).

    Questão orçamentária

    Além do atraso em decorrência da pandemia da Covid-19, o censo chegou a ser suspenso no primeiro semestre deste ano por conta de um corte de verbas de 96% no orçamento para a pesquisa. Com isso, o total de recursos previstos para a realização do levantamento, que ocorre a cada dez anos, caiu de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. O IBGE chegou a dizer em abril deste ano que o corte inviabilizaria o trabalho. Foi necessário que o Supremo Tribunal Federal interviesse para garantir o orçamento para a realização do censo.

    O orçamento aprovado para a realização da pesquisa foi de R$ 2 bilhões, R$ 300 milhões a menos do que havia sido solicitado pelo instituto. No último dia 31, o IBGE, em nota, esclareceu que esse valor não é suficiente para arcar todas as necessidades técnicas e operacionais.

    O presidente do IBGE falou sobre a importância da garantia do orçamento para realização da pesquisa.

    “Essa onda que começa hoje em Paquetá nos ajuda também a mobilizar a todos. Temos um projeto muito bem desenhado de quase R$ 2,3 bilhões. O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) já contemplou R$ 2 bilhões. Acho que foi razoável, nós manifestamos que tecnicamente precisamos de um pouquinho mais, mas é muito pouco. Diante do histórico de 2020 até agora, temos plenas condições para, mediante o convencimento, trabalhar no Congresso para que a União garanta esses R$ 2,3 bilhões. A hipótese nossa é de que o Censo é consenso. É uma conquista e é uma demanda que já está atrasada decorrente da pandemia e do episódio que já tivemos esse ano (atraso no repasse de verbas)”, disse.

    Eduardo Rios Neto também comentou sobre a mobilização feita pelo IBGE para convencer os parlamentares a aprovar a verba necessária para que o instituto possa garantir seus trabalhos censitários.

    “É um trabalho de convencimento. Ainda será formada a comissão mista orçamentária. Mas sabemos que o Congresso como um todo tem um papel importante, pois referenda a decisão da comissão e a função do IBGE é trabalhar nessa mobilização para que tenhamos o orçamento assegurado. Trabalharemos com as bancadas suprapartidárias dos estados nesse esforço de convencimento”, afirmou.

    Saiba como identificar os pesquisadores do Instituto

    Os recenseadores trabalham uniformizados, com boné e colete com a logomarca do IBGE. No colete, há também o crachá de identificação, contendo a foto e os números de matrícula e identidade do entrevistador. Eles vão utilizar também um Dispositivo Móvel de Coleta, semelhante a um smartphone, para coleta das informações.

    Os moradores podem verificar a identidade de todos os entrevistadores do IBGE através do site respondendo.ibge.gov.br ou pelo telefone 0800-721-8181, das 8h às 20h, todos os dias. Como ocorre em todas as pesquisas do IBGE, as informações prestadas pelos moradores aos recenseadores são confidenciais e o sigilo é garantido.

    Tópicos