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    Hidrogênio verde tem forte potencial como fonte energética no Brasil, diz pesquisa

    Estimativa mostra que, considerando somente os projetos de larga escala do setor, anunciados a partir de 2021, os investimentos chegam a US$ 500 bilhões até 2030

    Júlia Carvalhoda CNN

    Apesar da matriz energética brasileira ser majoritariamente de fontes renováveis – 61,8% do sistema é abastecido pelas hidrelétricas, por exemplo – ainda há muito potencial para que diferentes setores se tornem mais sustentáveis. Uma das soluções que tem ganhado força nos últimos anos é a adoção do hidrogênio sustentável.

    De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), desde 2000, 990 projetos de hidrogênio foram identificados no mundo. São 67 países com pelo menos uma iniciativa sustentável na área. As informações da agência também revelam a capacidade brasileira nesse aspecto: são quatro projetos dessa natureza no Brasil.

    Estimativas do Hydrogen Council mostram que, considerando somente os projetos de larga escala do setor, anunciados a partir de 2021, os investimentos chegam a US$ 500 bilhões até 2030. O mapeamento faz parte do estudo Hidrogênio Sustentável: Perspectivas para a Indústria Brasileira, realizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). O material será lançado no encontro “Estratégias da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono”, que acontece nos dias 16 e 17 de agosto, em São Paulo.

    Além das vantagens econômicas ao país, o hidrogênio sustentável também é extremamente viável ao Brasil em termos de produção. “Temos todas as condições para ser protagonista no processo de descarbonização da economia no mundo através de tecnologias limpas como o hidrogênio verde”, afirmar o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

    O levantamento feito pela CNI identifica duas modalidades de produção do hidrogênio sustentável adequadas para uso no setor industrial: o hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis, como energia solar e eólica sem emissão de gases de efeito estufa, e o hidrogênio azul, obtido a partir do gás natural e com emissões reduzidas por meio da tecnologia de captura e armazenamento de carbono.

    “A consolidação do Brasil como produtor de hidrogênio tem o potencial de gerar empregos, atrair novas tecnologias e investimentos e desenvolver modelos de negócios, bem como inserir o país numa posição relevante na cadeira global de valor, o que pode alterar positivamente a balança comercial do país”, destaca Robson.

    A confederação faz a ressalva que o desenvolvimento desse tipo de solução no país depende de medidas estruturais, entre elas a elaboração de uma política industrial que impulsione a produção de equipamentos e a prestação de serviços, com incentivos fiscais para descarbonização dos setores, contribuindo para um desenvolvimento econômico sustentável.

    Entre os ramos que mais se beneficiariam do uso imediato da produção de hidrogênio sustável, a CNI destaca os setores industriais de refino e fertilizantes, por serem grandes consumidores dessa matéria prima. No caso de ramos como a siderurgia, metalurgia, cimento e cerâmica, a adoção do hidrogênio sustentável seria de curto e médio prazo.

    Além de surgir como oportunidade para descarbonizar a indústria nacional, o hidrogênio verde também poderia ser exportado, em especial para a Europa. Entre os potenciais parceiros do Brasil nesse negócio está a Alemanha, que tem feito acordos como diversos países para a compra de hidrogênio sustentável para uso final e modernização de seu sistema produtivo. Em troca, o país venderia ou transferiria tecnologia de produção alemã.

    Para incentivar a estruturação e consolidação nesse mercado no país, a CNI propõe a criação do Observatório da Indústria para o Hidrogênio Sustentável, uma plataforma para a divulgação de informações e análises sobre tecnologias e políticas públicas voltadas à indústria nacional.

    “O foco é a construção marcos regulatórios que tragam segurança aos investimentos, incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias, adoção das melhores práticas internacionais e promoção de estudos que dimensionem adequadamente o potencial do segmento”, finaliza o presidente da CNI.

     

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