Haddad avalia novo formato, mas não irá recuar da desoneração da folha
Mudança acalmaria os setores do Congresso que pressionam Pacheco a devolver a MP, sem que haja prejuízo ao plano do governo de melhorar a arrecadação por meio da reoneração da folha
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aceitou estudar um novo formato para viabilizar a reoneração da folha de pagamentos, mas não cogita recuar do plano do governo de retomar a cobrança de impostos sobre a contratação de funcionários em setores hoje beneficiados pela desoneração.
Empenhado em sinalizar que não haverá atropelo ao Legislativo, o ministro indicou que pode estudar fatiar ou mesmo substituir a medida provisória sobre o tema que foi enviada ao Congresso no fim do ano passado, de acordo com fontes próximas às negociações ouvidas pela CNN.
O gesto do ministro de Haddad vem após a reunião realizada ontem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para retomar as negociações de um acordo em torno da MP.
Após o encontro, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a negar que houvesse qualquer tipo de discussão sobre devolução da medida provisória pelo Congresso, linha seguida também pela Fazenda. Haddad, segundo interlocutores, tem insistido nas conversas sobre o tema que “não haverá mudança no mérito e sim na forma”.
A possibilidade de a desoneração ser apreciada no Congresso como projeto de lei não está descartada, desde que haja um acordo bem amarrado para apreciação da proposta.
A mudança acalmaria os setores do Congresso que pressionam Pacheco a devolver a MP, sem que haja prejuízo ao plano do governo de melhorar a arrecadação por meio da reoneração da folha.
Antes de avançar nas discussões sobre o assunto, Haddad irá conversar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o que pode ocorrer ainda nesta terça-feira, segundo apurou a CNN. Desde o início das discussões sobre a reoneração da folha, Lira defendia nos bastidores que o governo revisse o formato de envio da proposta.
A interlocutores ouvidos pela CNN, o presidente da Câmara disse recentemente que o governo deveria ter separado desde o início a desoneração da follha das demais medidas contidas na MP.
Lira, segundo o relato, considerou um erro estratégico o fato de a Fazenda ter incluído em um mesmo texto os temas da desoneração, da compensação de créditos tributários por empresas e do Perse, programa que visava aliviar os efeitos da pandemia no setor de eventos.