Guedes: Volta e meia uso expressões infelizes, mas que são tiradas de contexto
O ministro ainda pediu desculpas caso tenha ofendido as pessoas mais humildes com seus exemplos
Em tentativa de justificar frases polêmicas que geraram críticas por parte da população brasileira e da oposição, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que eventualmente faz uso de expressões “infelizes”. Ele reclamou, no entanto, que as frases são tiradas de contexto, fazendo com que seja mal-interpretado.
“Foi uma expressão infeliz que usei para parabenizar um deputado e um senador da oposição que se uniram no combate à pandemia. […] Volta e meia eu solto uma expressão infeliz, mas que é tirada de contexto”, disse em audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (4).
O ministro se referia à declaração dele de que o novo coronavírus seria aniquilado com os R$ 5 bilhões transferidos ao ministério da Saúde em março de 2020, início da pandemia.
“Se no dia seguinte fizemos um diferimento de R$ 150 bilhões e nas semanas seguintes redução de compulsório de R$ 200 bilhões, como eu ia falar que apenas com R$ 5 bilhões combateríamos o vírus?! […] Lamento esses R$ 5 bilhões, mas aconteceu”, completou.
Guedes também foi questionado sobre uma fala recente em que ele aparentava criticar o filho do porteiro de seu prédio por ter pagado a universidade pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) mesmo com “média zero”.
“Eu sou produto da educação, que promove ascensão social. A mãe do meu pai era empregada doméstica. Não tenho vergonha disso. O meu pai não conseguiu fazer curso superior, trabalhou a vida inteira. Eu estudei em escola pública e consegui a ascensão social. […] Quando dou esses exemplos, não pode tirar do contexto. O contexto é sempre construtivo. Eu consegui melhorar na vida pela educação”, comentou.
“Educação é a chave das riquezas na nação, é a chave de vidas melhores, empregos melhores, mais produtividade e melhores salários para o trabalhador. Nosso compromisso com a educação tem que ser incondicional”, reforçou.
O ministro ainda pediu desculpas caso tenha ofendido as pessoas mais humildes com seus exemplos. “Nos exemplos que eu uso, tento justamente mostrar as disfuncionalidades de uma sociedade desigual que exige tanto investimento privado como público para erradicação da miséria e da deseducação e para melhorar a capacitação, a produtividade e os salários… Se em algum exemplo desses eu ofendi alguém, só posso pedir desculpas. Nunca foi esse o objetivo”, disse.
Guedes também esclareceu que “nunca” esteve nos planos do governo taxar livros. Segundo ele, isso foi dito uma ex-assessora especial do Ministério da Economia na reforma tributária em um momento em que ela tentou defender a proposta de Imposto por Valor Adicionado (IVA).
“Eu nunca falei de taxar livro. Eu desafio alguém a dizer: está aqui o vídeo dele dizendo que ia taxar livro. É possível que na defesa do IVA ela tenha dito, porque o IVA é geral, é para todos os setores. Então, tem muita gente reclamando que educação não devia ter, saúde não devia ter, hospital não devia ter. Ai ela lembra de hospitais e escolas de elite e por isso todo mundo teria que pagar. Mas eu nunca disse isso”, repetiu.