Governo é muito tímido no enfrentamento à despesa pública, diz cientista político
Cristiano Noronha critica excesso de propostas para aumento de tributos e falta de medidas para redução de gastos públicos
O cientista político Cristiano Noronha fez uma análise crítica sobre a postura do governo Lula (PT) em relação às finanças públicas no WW desta quinta-feira (10). Segundo ele, o governo tem sido “muito tímido” no enfrentamento da questão da despesa pública, o que dificulta a abertura de mais espaço no orçamento.
Noronha destacou que o governo está “exagerando” no encaminhamento de matérias que visam o aumento da carga tributária. Ele citou várias iniciativas recentes: “O governo encaminhou uma medida provisória e um projeto de lei aumentando a CSLL e também a JCP para fechar as contas do orçamento, editou uma medida provisória, a 262, com a tributação para as empresas multinacionais”.
Pacote de aumento de tributos
O analista também mencionou a proposta de criar um imposto para pessoas que ganham até um milhão de reais e a intenção do governo de encaminhar ao Congresso Nacional a taxação sobre lucros e dividendos. “Vamos avolumar no Congresso Nacional esse pacotaço de aumento de tributo”, alertou.
Noronha argumenta que, embora o governo afirme que não vai aumentar a carga tributária, a sinalização que está sendo dada é outra. Ele prevê que o Congresso poderá fazer uma “certa seletividade” sobre quais aumentos de tributos aprovar.
Reforma tributária e gastos públicos
O cientista político também levantou preocupações sobre o debate em torno da reforma tributária, mencionando as discussões sobre o tamanho do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) brasileiro, que já está sendo chamado de “o maior IVA do mundo”.
Para Noronha, além de propor novas taxações, o governo deveria se empenhar mais no combate ao desperdício e ao gasto público. “O governo é muito tímido no enfrentamento da questão da despesa pública para abrir mais espaço no orçamento”, criticou. Ele argumenta que medidas nesse sentido seriam relevantes não apenas para implementar políticas como a correção da tabela do Imposto de Renda, mas também para aumentar o investimento público e dar uma sinalização positiva ao mercado.