Governo avalia nova meta fiscal e já fala em déficit entre 0,25% e 0,5% do PIB, dizem fontes
Sem endosso de Haddad, discussão pretende conciliar orçamento para obras ao esforço de ajuste nas contas públicas
O governo federal passou a ventilar nos bastidores alternativas para mudar a meta fiscal de 2024 e abandonar formalmente a promessa de déficit zero feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Fontes envolvidas nas conversas relataram à CNN que não há martelo batido, apesar da sinalização dada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Mas confirmaram que está em discussão um déficit em 0,25% e 0,5% do PIB para 2024.
O cenário mais pessimista, de uma meta de 0,5% do PIB, tem sido patrocinado principalmente por setores da ala política do governo. A tese – que não tem aval do ministro da Fazenda, Fernando Haddad – é que o governo precisa conciliar a meta à realidade orçamentária.
A ideia ainda seria perseguir o ajuste fiscal, mas sem perder margem para investimentos e preservar, por exemplo, obras estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A avaliação desse grupo, contou um ministro à CNN, é a de que é melhor apresentar uma meta menos ambiciosa e entregar uma “evolução positiva” ano a ano. Ou seja, que o governo consiga entregar a cada ano um déficit inferior ao do ano anterior.
Lula, segundo interlocutores, ainda está colhendo informações e conversando com ministros para avaliar o cenário. Na semana passada, o presidente falou sobre o assunto em café da manhã com jornalistas e verbalizou pela primeira vez a ideia de abandonar a meta de déficit zero para 2024. Mas a fala, segundo auxiliares, foi feita de improviso e o cenário ainda é incerto.
O presidente se reuniu nesta terça-feira com líderes da Câmara e planeja também conversar com senadores. Ambas as conversas podem ajudar a afinar a relação com o Congresso e medir a temperatura para o andamento da pauta econômica.
Ainda nesta semana, Lula deve se reunir também com ministros da área de Infraestrutura. O tema do ajuste fiscal e do potencial impacto em obras deve entrar nas discussões.