Gasto público tem de ser levado em consideração para proteger o real, diz Rubens Ricupero
Os "pais" da moeda participaram de um evento nesta segunda-feira (24) em celebração aos 30 anos de seu advento
O ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, ao fazer um balanço dos 30 anos do Plano Real, disse ser necessário ter em mente que o tema do gasto público deve receber atenção por parte dos governantes, uma vez que está ligado diretamente à evolução do quadro inflacionário.
Segundo o ex-ministro, o real foi absolvido com sucesso pela população brasileira, que viu a “malignidade” da hiperinflação. No entanto, a questão fiscal ainda é um desafio.
“Tudo o que não pegou foi a responsabilidade fiscal. É muito difícil ter responsabilidade. Aqui foi abandonada. Nós tínhamos, mas piorou”, afirmou.
Ricupero participou do evento em comemoração aos 30 anos do plano, realizado na Fundação Fernando Henrique Cardoso, nesta segunda-feira (24).
Além dele, economistas considerados os “pais do real” também estavam presentes, como o ex-presidente do BNDES e IBGE, Edmar Bacha; os ex-presidentes do Banco Central (BC) Gustavo Franco, Pedro Malan, Pérsio Arida e Armínio Fraga.
O ex-ministro, ao falar sobre a equipe econômica, elogiou a “extraordinária autonomia e liberdade intelectual entre todos eles” durante o processo de desenvolvimento do real.
Ao relembrar a trajetória do plano, Ricupero considerou o ex-presidente da República, Itamar Franco, como essencial, mas também um obstáculo para sua consolidação por ter realizado inúmeras trocas no ministério em um curto intervalo de tempo.
“Itamar foi, ao mesmo tempo, indispensável e o maior obstáculo ao real. Porque ele queria ter um plano. O Fernando Henrique Cardoso foi o quarto ministro dele e eu fui o quinto. Ele foi ‘perseguindo’ até encontrar alguém”, disse.
Na próxima segunda-feira (1º), o Plano Real completa 30 anos desde sua implementação. Em fevereiro de 1994, os economistas da equipe de FHC criaram uma espécie de dólar virtual, a Unidade Real de Valor (URV). Em julho, este mecanismo se tornou o real — uma nova moeda que nascia sem a doença da hiperinflação.