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    Fórum Econômico Mundial: transição energética marca segundo dia de evento em Davos

    Delegação brasileira buscou destacar competências na pauta ambiental

    Priscila Yazbekda CNN , Davos

    No networking da elite global, a delegação brasileira buscou destacar suas competências na pauta ambiental no segundo dia do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça.

    A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, passou esta terça-feira (16) em painéis sobre transição energética e Amazônia. Na agenda, ainda uma reunião com o bilionário Bill Gates.

    Segundo fontes, o fundador da Microsoft mostrou interesse em visitar o Brasil, e a ministra respondeu que seria interessante se recursos de filantropia fossem destinados a comunidades indígenas.

    Se, por um lado, a redução de desmatamento na Amazônia se destaca, o desmatamento no Cerrado é visto por líderes estrangeiros como um risco para a meta de Lula de desmatamento zero até 2030.

    Ecoando o discurso de Marina Silva, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA), defendeu que a responsabilidade ambiental deve ser aliada ao desenvolvimento social.

    “É fundamental que da mesma forma que se tem um plano de combate ao desmatamento na Amazônia, se volte à implementação de um plano de combate ao desmatamento no Cerrado, construindo soluções que passam por comando, controle e fiscalização”, afirmou.

    O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, repetiu o discurso de Lula ao destacar a matriz energética limpa do Brasil e os investimentos em fontes renováveis.

    Mas o Congresso pode retardar os esforços. Em novembro, a Câmara aprovou um projeto de exploração de energia eólica em alto mar, com a obrigação de contratação de usinas a carvão. Silveira evitou criticar o Congresso e defendeu que o país precisa de energias firmes.

    “As energias renováveis, eólica e solar principalmente, ainda não são energias firmes. Ou seja, não são energias que seguram o sistema no momento de pico. Elas são energias que, mesmo se você está produzindo 200 watts, no momento de pico, você precisa de energia firme”, disse.

    Questionado sobre a entrada do Brasil na Opep+ e a dificuldade do Brasil em abandonar os combustíveis fósseis, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse à CNN que a dependência das últimas décadas não pode continuar.

    “Bom, nós temos vivido o petróleo nos últimos 50 anos. Mas sabemos e somos conscientes como governo que isso não pode ser mais e que, portanto, devemos transitar para economias descarbonizadas, o que deixa o petróleo e o gás carbônico no subsolo”, afirmou.

    O otimismo das autoridades brasileiras na agenda verde contrasta com o pragmatismo dos economistas, que mencionam em Davos que o Brasil tem um calcanhar de Aquiles: a responsabilidade fiscal.

    “Entra governo, sai governo e há sempre essa tentação de expandir gasto. Isso é uma situação de fato precária. Talvez o problema fiscal seja o que esteja impedindo o real de se valorizar mais, o que permitiria a taxa de inflação mais baixa, taxa de juros mais baixas”, pontuou Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.

    Além dos desafios internos, o cenário externo continua conturbado. Há duas semanas, a perspectiva era que o Fórum Econômico Mundial discutisse as múltiplas crises e busca de soluções para as guerras na Ucrânia e em Gaza.

    Mas uma nova fonte de tensão entrou na pauta: a crise no Mar Vermelho.

    No fórum, Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, disse que espera que as ameaças dos houthis do Iêmen deve continuar, apesar dos ataques americanos e britânicos.

    Em Davos, economistas afirmam que, por ora, os impactos no mercado de petróleo são limitados. Mas, se o conflito se arrastar, a inflação global pode voltar a acelerar e a queda de juros pode ser postergada.

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