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    FMI eleva previsão de alta para PIB do Brasil em 2023 a 1,2% e reduz a de 2024

    Projeção para 2023 aumentou enquanto estimativa para 2024 caiu em 0,4 ponto percentual

    Reuters

    A perspectiva de crescimento do Brasil este ano teve ligeira melhora nas contas do Fundo Monetário Internacional, que destacou um “suporte fiscal” maior do que o esperado no país em seu relatório Perspectiva Econômica Global.

    A atualização das projeções divulgada nesta segunda-feira (30) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 1,2% este ano segundo o FMI, de alta de 1,0% estimada em dezembro e bem abaixo da expansão de 3,1% projetada para 2022.

    Por outro lado, a estimativa para 2024 caiu em 0,4 ponto percentual, com expectativa agora de expansão de 1,5% da economia.

    O cenário do FMI para este ano é melhor do que aquele esperado por analistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central, que veem expansão de apenas 0,8% do PIB segundo a pesquisa mais recente. Mas para 2024 as contas coincidem.

    Já o Banco Central projetou em dezembro uma expansão de 1,0% do PIB em 2023, depois de um crescimento estimado em 2,9% em 2022.

    O governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve divulgar suas primeiras estimativas para a atividade em março.

    América Latina

    De acordo com o relatório do FMI, o crescimento da América Latina e Caribe deve desacelarar de 3,9% em 2022 para 1,8% em 2023, com uma revisão para cima de 0,1 ponto percentual na conta para este ano em relação ao relatório de outubro.

    Essa revisão reflete a melhora na conta do Brasil, bem como uma elevação de 0,5 ponto percentual na estimativa de expansão do México para este ano, a 1,7%.

    Segundo o FMI, isso se deve “a uma resiliência inesperada na demanda doméstica, crescimento maior do que o esperado nos principais parceiros comerciais e, no Brasil, suporte fiscal maior que o esperado”, de acordo com o relatório.

    No ano passado, o governo adotou medidas de incentivo fiscal, como a redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações, além de corte de impostos federais, o que ajudou o consumo.

    Em janeiro, o governo Lula renovou até fevereiro desoneração de tributos federais sobre a gasolina e até o final deste ano a taxação sobre diesel e gás.

    Além disso, no final de 2022 foi aprovada a PEC da Transição, que, entre outras medidas, garantiu a extensão até o final deste ano do pagamento de 600 reais por mês a famílias de baixa renda no programa Bolsa Família.

    O crescimento da região deve acelerar a 2,1% em 2024, embora tenha havido uma revisão para baixo de 0,3 ponto percentual nessa estimativa, refletindo condições financeiras mais apertadas, preços mais baixos de commodities exportadas e revisões para baixo no crescimento de parceiros comerciais, de acordo com o Fundo.

    Para o grupo de mercados emergentes e economias em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, o FMI elevou a estimativa de crescimento este ano em 0,3 ponto e baixou a do próximo em 0,1 ponto, a 4,0% e 4,2% respectivamente, após uma expansão em 2022 projetada em 3,9%.

    Mundo

    O Fundo Monetário Internacional elevou também sua perspectiva de crescimento global em 2023 devido à demanda “surpreendentemente resistente” nos Estados Unidos e na Europa, alívio nos custos de energia e a reabertura da economia da China depois que Pequim abandonou suas rígidas restrições contra a Covid-19.

    O FMI disse que o crescimento global ainda cairá para 2,9% em 2023 de 3,4% em 2022, mas suas últimas previsões no relatório Perspectiva Econômica Global marcam uma melhora em relação à previsão feita em outubro de crescimento de 2,7% este ano, com alertas de que o mundo pode facilmente cair em recessão.

    Para 2024, o FMI disse que o crescimento global vai acelerar ligeiramente para 3,1%, mas isto é 0,1 ponto percentual abaixo da previsão de outubro, já que o impacto total do aumento mais acentuado das taxas de juros do banco central diminui a demanda.

    O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, disse que os riscos de recessão diminuíram e que os bancos centrais estão fazendo progressos no controle da inflação, mas é necessário mais trabalho para conter os preços e novas interrupções poderiam vir de uma nova escalada da guerra na Ucrânia e da batalha da China contra a Covid-19.

    “Temos que estar preparados para esperar o inesperado, mas isso pode muito bem representar um ponto de inflexão, com o crescimento chegando ao fundo do poço e depois a inflação diminuindo”, disse Gourinchas aos repórteres sobre as perspectivas para 2023.

    Demanda forte

    Em suas previsões do PIB para 2023, o FMI disse esperar agora um crescimento dos Estados Unidos de 1,4%, acima da taxa de 1,0% prevista em outubro e após um crescimento de 2,0% em 2022. O Fundo citou consumo e investimento mais fortes do que o esperado no terceiro trimestre de 2022, um mercado de trabalho robusto e fortes balanços do consumidor.

    O FMI disse ainda que a zona do euro teve ganhos semelhantes, com um crescimento de 2023 para o bloco agora previsto em 0,7%, contra 0,5% nas perspectivas de outubro, após expansão de 3,5% em 2022. O FMI disse que a Europa havia se adaptado a custos mais altos de energia mais rapidamente do que o esperado, e uma flexibilização dos preços da energia ajudou a região.

    O Reino Unido foi a única grande economia avançada que o FMI previu estar em recessão este ano, com uma queda de 0,6% no PIB à medida que as famílias lutam com o aumento do custo de vida, inclusive para energia e hipotecas.

    Reabertura da China

    O FMI revisou as perspectivas de crescimento da China para 2023, a 5,2% de 4,4% na previsão de outubro, após os lockdowns na política de “Covid zero em 2022 terem reduzido a taxa de crescimento da China para 3,0% – um ritmo abaixo da média global pela primeira vez em mais de 40 anos. Mas o impulso da mobilidade renovada da população chinesa será de curta duração.

    O Fundo acrescentou que a expansão da China “cairá para 4,5% em 2024 antes de se estabelecer abaixo de 4% a médio prazo, em meio ao declínio do dinamismo empresarial e ao progresso lento das reformas estruturais”.

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