Fim do embargo à carne foi trabalho bem articulado, diz ex-ministro da Agricultura
Roberto Rodrigues destaca que a ação do Itamaraty junto a parte técnica do Ministério da Agricultura foi muito relevante para a solução do caso
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, disse em entrevista à CNN que não é rápido retomar o volume normal de exportações da carne bovina.
Ele destaca que “tem que selecionar o gado, separar os lotes, iniciar o processo burocrático de papelada para exportação. Não é amanhã ou depois. É algo que demora um ou duas semanas.”
O ex-ministro considerou ainda que o trabalho do Itamaraty junto a parte técnica do Ministério da Agricultura foi muito relevante. “Foi um trabalho muito bem articulado.”
Ele aponta que “o setor privado tem interesse que essas coisas aconteçam rapidamente, mas não pressionam, porque é uma negociação de governo para governo.”
Apesar da boa notícia para o setor, Rodrigues afirma que o preço da carne nos mercados do país não deve cair.
“Talvez haja algum ajuste de uma a três semanas, mas não acredito em mudança aguda de preço. As coisas vão voltar para a normalidade como tinha antes da suspensão.”
O especialista explica que o país exporta 30% de toda produção de bovina e 15% vão para a China. “Nós deixamos de exportar metade da nossa produção [por conta do embargo], teoricamente os preços deveriam cair e não caíram.”
Retomada das exportações à China
Depois do anúncio da Administração Geral das alfândegas da China de que a importação de carne brasileira estava liberada, o setor pecuário ficou movimentado.
O país asiático havia imposto um bloqueio à produção nacional desde setembro, o que derrubou as exportações já que a China é o grande parceiro comercial do Brasil neste quesito.
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) diz que o embargo causou 43% de recuo nas exportações de carne bovina brasileira em outubro.
Alguns analistas ouvidos pela CNN dizem ainda que o grande motivo que leva a China a retomar as negociações com o Brasil agora está ligado ao Ano Novo Chinês, em fevereiro. No evento, é consumida uma grande quantidade de carne.
*Com informações de Gustavo Uribe, da CNN