Fernando Molica: Houve desequilíbrio de gastos e o governo perdeu o rumo
No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (12), o comentarista Fernando Molica analisa a carta enviada pelo Banco Central para explicar a inflação acima da meta
No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (12), o comentarista Fernando Molica analisou a carta enviada pelo Banco Central (BC) ao Conselho Monetário Nacional (CMN), explicando os motivos da inflação ter ficado acima da meta estipulada.
Na terça-feira (11), o BC enviou uma carta ao CMN após a divulgação de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de inflação do país, encerrou 2021 a 10,06%, resultado bem acima do teto da meta de 5,25%.
Assinada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelo procurador-geral do BC, Cristiano Cozer, o documento elenca a pressão sobre o preço das commodities, a bandeira de energia elétrica de escassez hídrica e os gargalos nas cadeias produtivas globais como os principais responsáveis para a inflação ter encerrado o ano passado em dois dígitos.
Molica avaliou o cenário econômico brasileiro de hoje, e como o impacto do dólar e da insegurança fiscal afetam o bolso da população.
“Houve uma recuperação econômica internacional, e isso gerou aumento nos preços de commodities. Tem um ponto da carta que ele admite questões internas. Isso impacta, o dólar aumenta, passagem aumenta, petróleo, uma série de produtos, e ele fala que o aumento do dólar foi causada por uma insegurança fiscal, medo dos rumos da economia, questão do respeito ao teto de gastos, de você gastar mais do que o necessário.”
A pandemia forçou essa necessidade de gastar mais dinheiro, com vacina, com hospital, mas houve também uma questão política. O governo fragilizado teve que ceder mais, com as emendas parlamentares. Quando o governo fica fraco, ele tem que se sustentar no Congresso, liberando mais verba. Houve desequilíbrio e o governo perdeu o rumo”, completou Molica.
O comentarista avaliou também como o cenário econômico pode afetar o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, onde ele tentará a reeleição.
“O bolso é a grande questão. 2018 o grande tema era a corrupção. Em 2022, economia vai ser o grande tema da eleição. Isso mexe no banco, e como o governo vai se virar?“, questionou Molica.
AGU contra vacinação obrigatória para crianças
A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que uma intervenção da Corte nas regras para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 constituiria uma “afronta indiscutível ao princípio da separação dos poderes”. A ação é relatada pela ministra Cármen Lúcia, que pode decidir sobre o tema nos próximos dias.
Restrições em São Paulo
O governo de São Paulo planeja restringir novamente a realização de eventos com aglomeração em todo o estado por conta do aumento de casos da variante Ômicron. O Comitê Científico de Combate à Covid-19 deve se reunir na tarde desta quarta-feira (12) para discutir a medida e anunciar novas normas para o setor.
Renegociação de dívidas
O governo federal editou uma portaria para a regularização de dívidas de microempreendedores individuais e empresas do Simples Nacional, com desconto e parcelamento. O programa vem quase uma semana após o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetar integralmente o chamado “Refis” para toda a categoria, sob o argumento de que a ação geraria perda de receita aos cofres públicos.
O Liberdade de Opinião teve a participação de Fernando Molica e Boris Casoy. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
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