BC divulga Selic daqui a pouco; nos EUA, Fed sobe juros
Banco Central norte-americano elevou juros em 0,25 ponto percentual; Copom divulga decisão sobre a taxa Selic após fechamento do mercado, em meio a expectativas de manutenção
Nesta chamada “Super Quarta”, quando o Banco Central dos Estados Unidos e do Brasil coincidem na data de definição de taxa de juros, o Federal Reserve (Fed) anunciou, no início desta tarde, o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, de 4,75% a 5%.
Ainda nesta quarta-feira (22), o Banco Central (BC) brasileiro vai divulgar como fica a Selic, após o fechamento do mercado, acompanhada de comunicado sobre como avalia o cenário econômico do país e indicação sobre as próximas decisões.
De acordo com o Fomc, o comitê de política monetária do Fed, a decisão sobre a elevação em 0,25 considerou indicadores que apontaram “crescimento modesto do gasto e da produção”.
“Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, afirmou o Fomc, em comunicado.
O movimento de alta ocorre em meio à repercussão da crise bancária que abateu os mercados globais na última semana, após o colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, no Vale do Silício, e da compra do Credit Suisse pelo rival suíço UBS.
A turbulência levou operadores à aposta de uma postura mais branda por parte do Fed neste mês, com uma minoria dos analistas de mercado (cerca de 15%) até mesmo precificando a manutenção dos juros nesta quarta. No entanto, a grande maioria esperava um aumento de 0,25 p.p., que se confirmou na reunião de política monetária.
A leitura é de que, agora, o Fed tenta evitar desdobramentos mais drásticos da crise bancária, enquanto mira o desaquecimento da economia norte-americana.
Já no Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, sobre a taxa de juros após o fechamento do mercado financeiro.
É amplo o consenso entre analistas e economistas de que o Copom não irá mexer na Selic nesta quarta-feira e vai mantê-la nos mesmos 13,75% em que está desde agosto do ano passado.
Há muita expectativa, entretanto, em relação às novidades que o comunicado da diretoria do BC trará a respeito dos movimentos futuros da taxa básica de juros – e eles não são consensuais.
Desta vez, o Copom chega à sua segunda reunião do ano com apostas tanto de que ele tem razões para adiantar os cortes de juros neste ano, quanto para postergá-los ainda mais.
Especialistas apontam tendências para decisão do Copom
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, diz que a ata do Copom deve demonstrar a preocupação do Comitê com movimentos recentes da inflação no país.
“Com certeza a ata [sobre a decisão] terá algo demostrando preocupação com a inflação que, se não for uma nova subida na taxa de juros, pode ser a expectativa de não cortá-la por um tempo maior”, disse.
A inflação de fevereiro foi mais forte do que o esperado e ainda segue longe da meta. Economistas seguem projetando de que, até o fim do ano, o índice pode subir ainda mais.
O IPCA em 12 meses até aqui está em 5,6%, para uma meta que, em 2023, tem o centro em 3,25% e o teto em 4,75%.
Já o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, acredita que outros fatores devem começar a entrar na conta do Banco Central e justificar sinais de uma redução de juros mais cedo.
“Desde a última reunião [em fevereiro], tivemos duas novidades: a desaceleração da economia, com uma queda do PIB no quarto trimestre, e também um agravamento da situação de crédito tanto com empresas brasileiras, quanto com o problema dos bancos nos Estados Unidos”, disse.
“Ele [BC] tem que pesar tudo. Não adianta controlar a inflação com a economia entrando em recessão e as empresas quebrando”, conclui.
Para a equipe econômica da XP, o novo quadro de riscos para a atividade e o crédito também muda o cenário, mas ainda “não está claro o quanto esses fatores alteram o balanço de riscos do Copom”, afirma a corretora em relatório a clientes.
Por ora, a casa mantém sua projeção de que o BC siga até o fim de 2023 sem cortar os juros.
*Com informações de Tamara Nassif e Juliana Elias; publicado por Danilo Moliterno.