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    Fast Shop aposta em conceito ‘luxo’ contra gigantes

    A expansão em 2020 deve ser de 15% a 20%, o que elevará a receita do negócio para algo próximo (ou além) de R$ 5 bilhões

    Fernando Scheller, , do Estadão Conteúdo

    Nos próximos dias, a rede de eletrodomésticos Fast Shop faz uma aposta para ampliar sua imagem de sofisticação: inaugura, em São Paulo, uma loja conceito idealizada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, o mesmo que projetou a Japan House, na Avenida Paulista.

    A rede, porém, teve uma origem mais “popular”: a família Kakumoto, à frente do negócio até hoje, abriu primeiro uma concessionária de motos Yamaha, em 1989. Só sete anos depois – e por necessidade -, eles fariam a migração para os eletrodomésticos.

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    O foco nas classes A e B permitiu que a Fast Shop prosperasse mesmo tendo de enfrentar duas gigantes: a Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, e o Magazine Luiza. Neste ano, apesar da pandemia e da forte atuação das líderes do setor, a rede conseguiu se defender.

    Segundo Rafael Kakumoto, presidente da empresa e filho dos fundadores Marie e Milton, a expansão em 2020 deve ser de 15% a 20%, o que elevará a receita do negócio para algo próximo (ou além) de R$ 5 bilhões.

    A Fast Shop é uma espécie de “ilha” em um segmento considerado difícil pela margem apertada dos produtos do tipo “commodity” – que são encontrados em qualquer loja do ramo. Apesar de a rede ter sido cobiçada por fundos de investimento e bancos na última década, a família Kakumoto jamais vendeu uma parcela de seu capital. Questionado sobre os planos daqui em diante, o presidente da rede diz que não descarta nem achar um sócio nem abrir o capital.

    Buscar uma estrutura financeira mais forte, no entanto, pode ser uma boa ideia, segundo especialistas. A recente reinvenção de Magalu e Casas Bahia pode ser um sinal de alerta para a Fast Shop. Ou seja: a gestão familiar e a aposta na alta renda, que deram certo até aqui, podem não ser suficientes para garantir o futuro.

    “O setor de eletrônicos está passando por uma revolução”, diz o diretor de operações da consultoria Gouvêa, Eduardo Yamashita. “Os concorrentes ganharam escala e têm rentabilidade maior. Essas gigantes estão investindo pesado, mesmo na pandemia.”

    Além de apostar no design de Kengo Kuma – que deverá servir de molde para as demais unidades -, a Fast Shop vai dobrar a aposta nos serviços. A nova unidade terá mais espaço para produtos de tecnologia, com o objetivo de fazer uma venda consultiva, de acordo com Rafael Kakumoto.

    A ideia é que o cliente possa chegar à loja e sair com o aparelho funcionando, sem dor de cabeça. “Refizemos o treinamento dos vendedores para traduzir a tecnologia para o consumidor”, explica.

    O número relativamente tímido de 86 lojas – ao redor de 10% do total de Casas Bahia e do Magalu – fez a Fast Shop ir mais cedo para o e-commerce, o que foi essencial para a companhia durante a pandemia. Até o ano passado, cerca de 30% das vendas da rede já eram realizadas pela internet. Depois da web disparar na pandemia, Kakumoto aposta que o online deve estacionar em 50% das vendas daqui em diante.

    Trajetória

    Mas como a Fast Shop foi de revenda de motos a loja de eletros classe A? Segundo o presidente da rede, todas as escolhas iniciais foram pautadas pela necessidade. “O sonho da família era ter uma concessionária de carro, mas o dinheiro só dava para a Yamaha”, lembra o filho dos fundadores. Após alguns anos, a família passou a fazer entrega de eletrodomésticos vendidos por consórcio – prática comum nos anos 1990.

    Quando uma mudança de legislação restringiu o consórcio de eletrodomésticos, os Kakumotos tiveram de se reinventar. Em 1996, abriram sua primeira loja. E a aposta na alta renda também foi consequência de uma restrição imposta pelo mercado. “Na época, os bancos não estavam abertos para financiar o varejo. As lojas tinham financiamento próprio. Como a gente não tinha, era preciso ir atrás de um público que não precisava de crédito.”

    Mas o que sobrou da velha revenda Yamaha? Há muito tempo a família deixou de vender motos. E, ao se sofisticar, apostou em shopping centers. Todas as unidades estão em centros comerciais, exceto uma: a que hoje ocupa o espaço que antes vendia motocicletas, em Santana, zona norte de São Paulo.

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