Falta de minerais pode piorar crise climática, alerta agência de energia
Alta demanda pode dificultar a produção de itens essenciais no controle das mudanças climáticas
Um relatório da Agência Internacional de Energia, publicado nesta quarta-feira (5), mostra que o mundo não será capaz de enfrentar a crise climática, caso não haja investimento em minerais do tipo cobre, lítio, níquel, cobalto e terra-rara.
Isso porque esses elementos são essenciais na produção de diversos itens da energia verde, como carros elétricos, painéis solares, turbinas eólicas, entre outros.
A instituição alertou para a vulnerabilidade, volatilidade e para a alta dos preços destes metais, já que as cadeias de abastecimento estão no limite e as mineradoras enfrentam padrões ambientais e sociais mais rígidos.
Atualmente, apenas três países são responsáveis por 75% da produção global de lítio, cobalto e de elementos de terra-rara. A República Democrática do Congo, por exemplo, produziu 70% do cobalto negociado em 2019. Já a China minerou 90% das terras-raras no mesmo ano. Austrália também é um competidor à altura.
No ano passado, para responder essa alta de demanda, as mineradoras passaram a investir em novos projetos. No entanto, leva cerca de 16 anos para que a descoberta de uma nova mina comece a produzir, de acordo com a IEA (sigla em inglês). Neste cenário, os planos atuais de oferta e investimentos são voltados para “ações graduais e insuficientes sobre as mudanças climáticas”, relatou o órgão.
“Esses riscos para a confiabilidade, acessibilidade e sustentabilidade do fornecimento de minerais são administráveis, mas são reais”, disse a agência. “A maneira como os formuladores de políticas e as empresas respondem determinará se os minerais essenciais são um capacitador vital para as transições de energia limpa ou um gargalo no processo”.
Os elementos químicos são fundamentais para as tecnologias que devem desempenhar um papel de liderança no combate às mudanças climáticas.
Prova disso vem do carro elétrico médio que requer seis vezes mais propriedades do que um carro convencional. Lítio, níquel, cobalto, manganês e grafite são usados nas baterias, enquanto as redes de eletricidade precisam de grandes quantidades de cobre e alumínio.
Segundo estimativa da agência, para cumprir o acordo climático de Paris, o mundo precisa acelerar a produção de energia limpa, triplicando a instalação de turbinas eólicas até 2040 e aumentando a venda de carros elétricas em até 25 vezes no mesmo período. Pensando na neutralização de carbono, programada para 2050, os investimentos devem ser ainda maiores.
“Os dados mostram um descompasso entre as pretensões climáticas fortalecidas do mundo e a disponibilidade de minerais essenciais para a realização dessas ambições”, disse Fatih Birol, diretor executivo da IEA, em um comunicado. “Os desafios não são intransponíveis, mas os governos devem dar sinais claros de como planejam transformar seus compromissos climáticos em ação”.
A agência diz, ainda, que os governos e empresas devem fornecer mais clareza sobre a transição energética, promover o desenvolvimento de novas tecnologias e reciclagem, aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos e encorajar padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) mais elevados.
A IEA garante que o abastecimento de minerais será o desafio de segurança energética do seculo 21. “As preocupações com a volatilidade dos preços e a segurança do abastecimento não desaparecem em um sistema de energia eletrificado e rico em renováveis”, assegura.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original)