Etanol é mais vantajoso que gasolina em dois estados, segundo ANP
Após cair 22 semanas seguidas, desde o início de outubro, o álcool acumula seis semanas de alta, somando nesse período 12,46% de aumento
O etanol está mais vantajoso do que a gasolina em dois estados do país, segundo os últimos dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Após cair 22 semanas seguidas, desde o início de outubro, o álcool acumula seis semanas de alta, somando nesse período 12,46% de aumento, quando o preço médio no país foi de R$ 3,37 para R$ 3,79.
A vantagem —quando o preço do etanol equivale a 70% da gasolina— é observada na Paraíba e em Mato Grosso, na semana entre os dias 6 e 12 de novembro.
No estado do Nordeste, o álcool é encontrado, em média, a R$ 3,32, enquanto a gasolina a R$ 4,80.
Já no estado do Centro-Oeste, o litro do etanol sai a R$ 3,49 contra R$ 5,02 do combustível fóssil.
No fim de setembro, a maior competitividade do etanol era registrada em sete estados e no Distrito Federal. À época também estavam na lista Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e o DF.
Em São Paulo, por exemplo, maior produtor de etanol no país, a vantagem está pouco acima do limite de 70%, com média do álcool de R$ 3,69 contra R$ 5,03 da gasolina.
Já os estados com pior competitividade são Amapá, onde a gasolina sai mais barata inclusive, e Rio Grande do Sul.
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria em energia, Pedro Rodrigues, afirma que a alta pode se dar por conta da lei da oferta e demanda.
Segundo ele, o valor do álcool também é influenciado pelo da gasolina, que registra a quinta semana seguida de alta, com média de R$ 5,02 no Brasil.
“O mercado de etanol é igual ao da gasolina. Quando a gasolina está mais cara, as pessoas tendem a colocar etanol e você tem um aumento da demanda, que pode causar um aumento no preço”, colocou.
Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica e ex-diretor da ANP, David Zylbersztajn aponta ainda que o etanol é influenciado pelo preço de outra commodity: o açúcar, cuja matéria-prima também é cana-de-açúcar.
“Tem a questão da safra, do preço internacional do açúcar, do preço internacional do etanol. O que pode estar acontecendo é você ter um crescimento da demanda externa”, apontou.
O diretor de Economia e Inteligência Setorial da União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), Luciano Rodrigues, relata que, nas últimas semanas, houve um movimento de alta nas usinas motivado pela aproximação da entressafra, período em que há necessidade de carregamento do estoque para o abastecimento domésticos nos próximos meses.
No entanto, no dia 11 de novembro, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP) indicaram uma redução de R$ 0,04 por litro, uma queda de 1,17% nas usinas paulistas.
“Esse número interrompe o movimento de aumento que vinha sendo observado nas semanas anteriores e esse aumento que estava acontecendo ocorreu por uma série de fatores, dentro os quais a gente pode citar as chuvas que impactaram boa parte da região produtora nos últimos meses e dificultaram a operacionalização da colheita, da expectativa que se tinha de eventual correção no preço doméstico da gasolina para alinhamento com o preço internacional e da aproximação da entressafra”, explicou.